quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PROCURA-SE VIDRACEIROS


Você tem estômago forte? Sugiro, então, uma sessão intensiva de propagandas dos candidatos à Prefeitura do Rio como teste definitivo.
Nunca vi, nesses 37 anos de retomada da democracia uma campanha tão violenta, tão ostensiva.
Há muito que as propostas de governo foram abandonadas e deram lugar a ofensas e acusações.

A turma de Crivella acusa Freixo de querer implantar o comunismo no município, de ser conivente com o tráfico de drogas, de dar apoio a black blocs..
Já o pessoal do Freixo diz que Crivella vai governar para a Igreja Universal, que é preconceituoso ao extremo e de alianças espúrias...
Isso e muito mais.



O problema é que as duas candidaturas têm enormes telhados de vidro. E as pedradas arremessadas de ambos os lados estão fazendo muito estrago. Fica até difícil imaginar como será o mandato do próximo alcaide.

Nenhum dos dois candidatos me agrada.
Não me convencem, mas não anularei meu voto, nem votarei em branco.
Há quem defenda tal manifestação nas urnas, mas nunca usei desse artifício, embora este pleito tenha se tornado uma enorme tentação.
Apesar dos pesares, a escolha não foi difícil.

Não creio numa sociedade que tenha como fundamento o preconceito, a discriminação e a intolerância. Esse tempo já passou.

Creio que uma democracia só pode ter chance de funcionar se todos forem tratados de forma igual e não posso aprovar um projeto político que não esteja baseado nesse pilar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

FORMA X CONTEÚDO



Chocado, sim. Surpreso, não.
Há muito tempo que o telejornalismo vem caminhando por trilhas tortuosas e a opção do SBT de colocar um rapaz de 18 anos para apresentar um de seus telejornais é só mais um passo nessa direção.
O conteúdo tem perdido cada vez mais espaço e não faltam exemplos por aí.


Apresentadores se transformam em animadores, atores, garotos-propaganda. Encarnam personagens, geralmente paladinos da justiça ou defensores incansáveis do fracos e oprimidos.
Levantar da cadeira, andar de um lado pro outro no cenário, telas interativas e até uso de animações bizarras (como cachorros biônicos, carros de polícia e helicópteros que conversam com o apresentador) se tornaram ações mais importantes do que a notícia em si.



Dudu Camargo é apenas mais um nome nessa lista. Uma forma de chamar a atenção.
Lembram-se quando o próprio SBT colocou uma bancada vazada em um de seus telejornais para mostrar as pernas das apresentadoras Cynthia Benini e Analice Nicolau, que estavam sempre de saias crutas?


A atração ficou popularmente conhecida como o "Jornal das Pernas". E só ficava faltando, mesmo, aquela cruzadinha tipo Sharon Stone, no filme "Instinto Selvagem".
Ao comentar minha insatisfação com o caso do jovem apresentador com a amiga e jornalista Vera Barroso, ela me perguntou se não estaria sendo preconceituoso?
E hoje, depois da leitura do artigo, de outro amigo, a quem muito respeito, Mauricio Stycer, chego a conclusão de que minha visão não é preconceituosa e sim de decepção.




Não que ache que jornalistas e telejornais devam ser incensados ou alçados a altares sagrados. Muito pelo contrário. A vaidade de apresentadores e repórteres é sempre prejudicial. E não faltam aqueles que colocam o umbigo à frente do lead. Mas a informação deveria ser coisa séria e não vem sendo tratada como tal.
Discordo do amigo Stycer quando ele diz: "Para ler notícias essa não é uma qualidade exigida. Credibilidade é necessário para quem opina, analisa, explica o noticiário. A decisão de Silvio Santos choca exatamente por isso. O dono do SBT está sugerindo, sem disfarces, que qualquer pessoa pode apresentar um telejornal em que as notícias são escritas na redação para alguém ler no ar."

Não acredito nisso.
O rapaz apresentador é só mais uma tentativa de "inovar", ou seja de tentar atrair uma audiência através do diferente. De certa forma é o mesmo que jogar sapatos na câmera como fazia outro apresentador que passou pela própria emissora e perambulou por outras.


Mas concordo quando Maurício diz que Sílvio Santos, apesar de ótimo patrão (trabalhei no SBT por muitos anos), nunca deu muita importância para o Jornalismo.

A cada dia mais, talvez por conta da situação incerta em que o país se encontra, talvez pela incompetência de departamentos de Jornalismo de nossas emissoras, os telejornais vêm tendo menor audiência e sendo vistos como "a parte chata" da programação, portanto, algo precisa mudar.
A minha convicção é de que tal reversão não deva passar pela forma e, sim, pelo conteúdo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

 No frigir dos ovos, definiu-se o segundo turno das eleições municipais de 2016 no Rio de Janeiro. Dois candidatos com vieses bastante diversos.
Uma surpresa para mim, na verdade. Achei que dentro do quadro político atual, dificilmente um candidato de esquerda passaria de fase.
               
Crivella sempre me pareceu o favorito (e acho que ainda é, como explanarei mais abaixo) e a segunda vaga deveria ser, em teoria, de Pedro Paulo, sucessor do atual prefeito.
No entanto uma combinação de fatores enfraqueceu o "braço direito" de Paes. A agressão à esposa, mesmo com tantos panos quentes colocados após, até mesmo pela própria acusadora, carimbou-lhe a testa. Foi um fardo pesado, que somado à resistência ao PMDB na cidade depois do Impeachment e à falência do estado, se tornou uma âncora eleitoral. Nem mesmo o sucesso dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos foi capaz de aboná-lo.
                                                    
A divisão da esquerda era um fator importante em relação à presença de um dos três candidatos (Freixo, Jandira e Molon) no segundo turno, mas o que se viu, na reta final, foi que os próprios eleitores desses candidatos, pelo menos boa parte deles (e não me incluo nessa conta), adotaram o voto útil e fortaleceram a candidatura do representante do PSOL.
Diante das duas opções que se apresentam, não há dúvidas de que meu voto irá migrar para Marcelo Freixo. Embora sem o entusiasmo que vejo em diversos queridos amigos.
Nunca nutri admiração por Freixo e tive ainda mais motivos para incompatibilidades durante as manifestações de 2013, quando diante de agressões a jornalistas por parte de black blocs, o deputado não condenou as mesmas, chegando a achar o fato compreensível, já que os profissionais eram a representação de uma mídia "vendida". Durante um debate no Colégio São Vicente de Paulo, às vésperas da votação de 2014, questionado por minha filha se tais agressões não seriam um atentado à liberdade de imprensa e de expressão, preferiu tergiversar e adotar o velho lema do Leão da Montanha: "Saída estratégica pela esquerda..."
Quando a agressão partia de policiais, no entanto a postura era diferente, com direito a mensagem de repúdio em conjunto com a antiga diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro (que Deus a tenha, nem um palmo acima ou abaixo de onde merece).
Essa postura acabou fazendo com que fosse toscamente acusado, diga-se de passagem, de envolvimento, ainda que indireto, na morte do repórter cinematográfico da Band, Santiago Andrade. Denúncia que se mostrou débil e infundada.
Não sei se Marcelo Freixo será capaz de fazer uma boa administração em uma cidade tão complexa como a nossa. A resistência, creio, seria enorme, desde o "andar de cima" até as milícias e o tráfico, que dominam informalmente fatias de nosso território. Mas, tendo do lado oposto o bispo Marcelo Crivella, representante da Igreja Universal do Reino de Deus, não há como titubear.
Embora venha bradando aos quatro ventos que respeitará o estado laico, sabemos como agem os políticos que formam as chamadas bancadas da Bíblia. E sabemos de que forma chegaram a tais cargos.
O uso da fé como ferramenta política me dá náuseas.
Aliás, o uso da fé como uma maneira de conseguir poder de forma geral, como a formação de grupos de Comunicação através de fundos vindos da contribuição de fiéis ou de outras fontes de renda mais misteriosas.
As pautas desses grupos são retrógradas e excludentes. Visam apenas reforçar um discurso moralista proclamadas por pastores que muitas vezes adotam práticas não tão morais assim. Chegar ao executivo é apenas mais um passo de uma estratégia de poder crescente e jamais poderia compactuar com isso.
Acredito, no entanto, que fora uma grande reviravolta, Marcelo Crivella vencerá com folgas.
É só analisarmos com frieza os dados das urnas do último domingo. Só os votos do eleitorado de Bolsonaro baby 1 já serviriam para colocar um pé e meio de Crivella no "Piranhão" (curioso lugar para um bispo trabalhar), fora os votos conservadores de Pedro Paulo, Índio e Osório.
Talvez a única maneira de Crivella não vencer seja a reversão de um número muito expressivo, o de votos nulos, brancos e, principalmente, das abstenções. Somados, eles foram quase iguais à votação de Crivella e Freixo juntos. O número de votos válidos caiu quase 5% em relação às eleições municipais de 2012. Votos brancos e nulos foram cerca de 170 mil a mais. As abstenções também deram um salto: de 925 mil em 2012 para 1 milhão 190 mil este ano. Foi o maior nível de abstenção desde 1996. Só se uma parte significativa dessas pessoas, por conta da rejeição ao bispo, resolver ir às urnas, a situação poderá mudar.

Vamos ver no que é que isso vai dar, afinal é como diz aquela famosa frase: "De urna e de fralda de bebê a gente nunca sabe o que vai sair".

A CIDADE E AS URNAS

 Algumas observações sobre a nova Câmara de Vereadores do Rio.
Nomes quase eternos ficaram de fora como S. Ferraz, Átila Nunes Filho, Professor Uoston, Elton Babu ou Leila do Flamengo.
Roberto Dinamite, que já teve N mandatos como deputado estadual obteve míseros 2.518 votos. Curiosamente, dois Zicos foram eleitos, embora nenhum seja o camisa 10 da Gávea.
Agnaldo Timóteo, que foi deputado federal nos tempos de Brizola, não chegou a 5 mil votos. Sandra de Sá, nem 2 mil. Muito menos que Serginho da Pastelaria que teve 8.529 votos e não foi eleito, embora 5 candidatos com menos votos que ele tenham conseguido o mandato graças ao tal coeficiente eleitoral. Ítalo Ciba teve pouco mais de 6 mil votos.
Bolsonaro baby 2 foi o mais votado. César Maia, o terceiro, mas em compensação, professor Tarcísio e a socióloga da Maré, Marielle Franco ficaram entre os 5 primeiros.

                                                                                        
Que as mudanças sejam para melhor. Que na "Gaiola de Ouro" os projetos de trocas de nomes de ruas e concessões da medalha Pedro Ernesto não sejam maioria, com têm sido. Que a cidade seja beneficiada por projetos realmente relevantes.

Ingênuo, eu? Talvez. Mas se não acreditasse que algo pode mudar, apesar de tudo, nem votar eu iria.

PARALIMPITACOS V

                              
A chama da pira se apagou, mas o assunto ainda não esfriou, pelo menos para mim.
Durante a paralimpíada do Rio estive envolvido com atletas e competições com os quais nunca tivera contato maior. A tarefa, quase concluída, era preparar um Caminhos da Reportagem especial sobre os Jogos Paralímpicos. Um trabalho árduo, mas, ao mesmo, tempo, muito gratificante.
A cada programa que fazemos tenho o prazer de aprender mais. Curioso, por ofício e por natureza, esse é um aprazível retorno que a profissão me proporciona.
E com o Caminhos paralímpico não foi diferente.
A linha do programa segue um raciocínio que desde o início me pareceu verdadeiro e que acabou sendo reforçado pelos entrevistados que ouvimos: ninguém é o mesmo depois de assistir a competições como essas. Não à toa o título de nosso programa é "Jogos Paralímpicos: nada será como antes" (A inspiração vem da música de Milton Nascimento e Lô Borges. Só soube que este seria o título da nova novela da Globo, bem depois...rs).
As provas disputadas por atletas de ponta com algum tipo de deficiência (mais ou menos severa) nos mostram que é possível conviver com limitações. Ou melhor, viver com elas. E se você pensar bem, quase todos nós vivemos assim. Eu, por exemplo, tenho vista cansada. Não consigo mais ler letras miúdas sem a ajuda de um óculos. Na prática, sou um deficiente visual. Isso sem falar de meu joelho fraturado, que nunca mais foi, nem será o mesmo.
Durante muitos anos pessoas com deficiência ficaram escondidas por suas famílias ou até mesmo por vontade própria. Rosinha dos Santos, bicampeã paralímpica em Sidney 2000, ficou sete anos reclusa por vergonha. Não queria ser vista por ter perdido uma perna em um atropelamento, aos 18 anos de idade.
Hoje, isso está mudando. Pais de filhos com problemas congênitos, com limitações físicas ou intelectuais, encaram o desafio de criá-los em meio à sociedade da qual são parte integrante.
O fato de termos escolas inclusivas também é muito importante nessa mudança.
Se uma criança que assistiu às vitórias de um Daniel Dias já terá um novo olhar sobre pessoas que usam próteses ou não têm partes do corpo, imagine o que significa conviver com outra criança deficiente, entender suas limitações, criar laços afetivos e apoiá-la.
O preconceito se enraíza quando ainda somos crianças. É nessa fase da vida que vamos beber na fonte dos conceitos (e preconceitos) de nossa sociedade. Porém, se essas mesmas crianças passarem a ter outro olhar sobre as diferenças e respeitar cada ser humano, podemos começar a mudar algo que anda tão errado. E aqui não falo apenas de diferenças físicas que provocam o tão comum e abominável bullying, mas também de diferenças de raça, de gênero, de credo, de posições ideológicas ou de classe social.
Os Jogos Paralímpicos podem ser uma mola propulsora, pronta a nos impelir muito além do campo esportivo.
Tive o privilégio (e agradeço a meus compadres Marcelo e Ana pelos convites) de assistir à cerimônia de encerramento da paralimpíada no Maracanã. Como espetáculo, sem dúvida, ficou muito aquém da abertura, no entanto o que mais me chamou a atenção e me emocionou foi algo que se passou bem longe do palco principal. Pude observar, de perto, a alegria daqueles atletas por mais uma etapa de vida vencida. Num determinado momento, integrantes da delegação brasileira fizeram um "trenzinho" e saíram dançando pelo gramado. Aos poucos, vencendo a timidez, paratletas de outros países foram se juntando ao grupo que, logo, tinha centenas de componentes. Dançavam, sorriam e interagiam com a arquibancada (na verdade não há mais arquibancada no Maracanã... é o hábito). A emoção transbordava em nós. E ali não havia qualquer resquício de "coitadismo" deles ou de pena nossa.

                                                              
Era uma celebração da vida, como na verdade todos Jogos Olímpicos ou Paralímpicos devem ser.

PS: O programa acima citado vai ao ar nessa quinta-feira, dia 22 de setembro, às 20h30, na TV Brasil.

PARALIMPITACOS IV

                                                   


 Ping Pong traz lembranças da infância para muita gente.Se não fôr por aquelas partidas na hora do recreio ou no playground de algum amigo, tavez pelo chiclete.
Mas a bola que vai dar o ritmo desses pitacos de hoje não tem a ver com aquela da goma de mascar, mas sim aquela outra, bem miúda, branquinha, que vai de um lado para outro, mais rapidamente ou mais devagar, dependendo de quem está em cada lado da mesa.
Joguei muito ping pong quando era moleque. No colégio, a regra era clara: 6x0 ou 7x1 (gol da Alemanha) eliminava e o cara ia pro fim da fila. A classificação dos "atletas" era simples e tinha apenas duas categorias, a dos que sabiam e a dos que não sabiam cortar. Na época quem tinha uma raquete Buterfly tirava onda.
Nunca fui dos melhores. Meu saque até tem um certo "efeito" e consigo pegar algumas "casquinhas", nada mais do que isso.
Nos Jogos Olímpicos fui assistir a um dia de competições no Riocentro. Não por qualquer sentimento nostágico, mas pelo preço mais em conta e pela disputa acontecer num final de semana. E foi bem legal, pelo menos nos primeiros 30 minutos... Os caras, a maioria orientais, jogam muito. Em alguns momentos os jogadores ficavam a mais de três metros da mesa rebatendo cortadas praticamente indefensáveis e me lembraram um antigo vídeo de Bruce Lee no qual ele usava o tchaco como raquete e não deixava passar uma bolinha sequer.
Vejam no link.
Mas, para quem não é um apaixonado pelo tênis de mesa (prefiro o de quadra), uma manhã bastou.
Por conta de estar preparando um Caminhos da Reportagem sobre a Paralimpíada para a TV Brasil (única emissora aberta a transmitir competições) não estou podendo acompanhar os Jogos Paralímpicos. Quer dizer, estou acompanhando como nunca, mas não de perto. E as imagens que me chegam são impressionantes.
Chego a concordar com aqueles que os chamam de super humanos.
Mas nenhuma delas, pelo menos até agora, me espantou tanto quanto a do mesatenista egípcio Ibrahim Hamadtou. O cara perdeu os dois braços num acidente na infância e decidiu fazer o improvável. Ele segura a raquete com a boca, levanta a bola para sacar com o pé e ainda consegue fazer pontos numa competição de nível mundial.

    
                                                                 
Confiram no link:
Aqui no Rio, ele jogou duas partidas. No dia 8 contra o britânico David Wetherill e no dia 9, contra o alemão Rau Thomas. Nas duas perdeu por 3 sets a zero, mas conseguiu marcar, ao todo, 31 pontos.
Pode até ter perdido, mas não foi derrotado.
Ganhou do destino.
É como ele mesmo disse depois da primeira partida: "Joguei contra um campeão, como um campeão. Estou muito feliz de estar aqui."

Nada mais a acrescentar.

PARALIMPITACOS III

                            


 Vi muita gente reclamando por aqui que era uma vergonha a TV aberta não estar transmitindo a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, mas está. A TV Brasil, a TV pública está. A mesma TV Pública que é tão achincalhada por artigos de quem não está nem um pouco comprometido com a democratização da Comunicação em nosso país. Pois graças à TV pública milhões de pessoas que não têm acesso à TV por assinatura puderam assistir às lindas cenas que aconteceram neste 7 de setembro no Maracanã. Cenas inesquecíveis como a de pais e filhos com deficiência carregando juntos a bandeira paralímpica. Uma das imagens mais comoventes que já vi em minha vida. Através das parabólicas espalhadas pelos mais distantes lugares e via TV Brasil, o país, por inteiro, é paralímpico também.