quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Carisma para quem precisa...

Não sou, nem nunca fui um militante político ardoroso, mas sempre busquei participar da vida política do País. Nunca votei em branco ou anulei meu voto. Acho que se nossos parlamentares e governantes não nos agradam, a culpa é nossa também. Nós os colocamos lá e na imensa maioria das vezes não sabemos retirá-los quando fazem o que não devem. Deixar de votar, portanto, é lavar as mãos com água suja. É se eximir de responsabilidade. É empurrar o Brasil com a barriga, pra depois ficar reclamando da situação.
Nasci praticamente na ditadura, porém minha adolescência se deu na abertura. Período em que comecei a sonhar com um país melhor. Nas eleições, mesmo antes de podermos escolher de novo um presidente, ia para as ruas com santinhos de candidatos em que acreditava e fazia boca de urna (aliás acho um erro proibirem). Uma das chapas mais legais que apoiei foi a de Marcelo Cerqueira -PSB, tendo João Saldanha (Grande João!) - PCB como vice, para a prefeitura do Rio, em meados dos anos 80.

Cheguei mesmo a me filiar ao PSB para dar força a um partido com cuja ideologia me identificava (Só depois fui descobrir que, por aqui, partidos e ideologias são antônimos).

Fui para as ruas nas Diretas Já. Talvez um dos momentos mais bonitos da história do nosso país. Participar do comício da Candelária, com mais de um milhão de pessoas em volta de mim foi uma sensação linda, que me arrepia até hoje e que jamais vou me esquecer.



No dia da eleição de Tancredo, da janela do escritório em que trabalhava, me lembro de ouvir com orgulho quase cívico a música que vinha de um carro de som parado na Cinelândia.
"Apesar de você, amanhã há de ser outro. E eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia..."
Eu acreditava piamente nos versos de Chico Buarque. Acreditava que o Brasil seria um país melhor e que nosso destino não era aquele, que nosso povo merecia muito mais.

Lá se vão 25 anos de democracia e é incontestável que o Brasil melhorou, e muito. Mas também é óbvio que poderíamos estar ainda melhor se houvesse mais justiça social, se a corrupção não fosse pandêmica, se as pessoas se importassem mais.
Passaram o "cruzado" Sarney (argh!), o corrupto Collor (vade retro), o topetudo Itamar, o erudito FHC e o popular Lula. Agora chegou a hora de um novo presidente. O problema é que os três principais candidatos, na minha opinião, não têm carisma nenhum.
Candidata da situação, Dilma chega à eleição sem sabermos quem exatamente ela é. Só sabemos que ela combateu a ditadura, foi presa e torturada. Como ministra pode ter sido a melhor; não tenho dados para julgar. Mas sua transformação visual transcende questões relacionadas à vaidade feminina e mais me parecem uma moldagem para uma candidata visualmente aceitável.

Seu principal opositor é José Serra, ou simplesmente o Zé, como seu jingle de campanha quer que ele venha a ser conhecido. Ministro da Saúde, tal como Dilma, teve todos os incentivos para suceder FHC. Seu ministério era privilegiado pelo governo e o ministro estava sempre na mídia com novos projetos (alguns deles muito bons, como a quebra das patentes dos medicamentos que fazem parte do coquetel para o combate da AIDS). Só que Serra deu azar. Lula era pule de dez naquela eleição.

E ainda temos Marina Silva, com uma linda história de vida, mas sem qualquer força partidária.

O debate da Band e as entrevistas dos três na bancada do JN mostraram o quanto lhes falta de empatia com a população (algo que sobra em Lula). Acho uma pena porque isso enfraquece a campanha.

Não basta aparecer bem na propaganda eleitoral. No horário eleitorral todos parecem ótimos. Os marketeiros douram a pílula, mas não basta só olhá-la, pois teremos que engolí-la.

Não pretendo, aqui, fazer campanha para ninguém, nem pedir votos para quem quer que seja. São apenas reflexões para expor meu desânimo com as opções que temos.
Só espero que quem for eleito consiga fazer com que , daqui a quatro anos, este país esteja um pouco melhor do que está agora.

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