segunda-feira, 24 de março de 2014

O QUE VOCÊ FARIA?

Recentemente me deparei com uma postagem no Facebook que levantou uma questão importante e que nos deve fazer refletir. De tempos para cá os celulares tansformaram-se em câmeras cada vez melhores e, com isso, qualquer um que possua um telefone moderninho ou mesmo um tablet, está automaticamente elevado ao patamar de cinegrafista, ou melhor, de um produtor de imagens. Imagens essas que muitas vezes vão parar nos meios de comunicação. Ou seja, se seus olhos estão onde os olhos da grande imprensa não estão, o seu registro vira notícia.
Vejam o exemplo abaixo:


É claro que a iniciativa de quem fez essas imagens era válida. Ele estava tentando ajudar o rapaz. E a gente sabe que quando há uma câmera por perto, a possibilidade de resolução de problemas cresce de forma exponencial. Neste caso, contudo, infelizmente o desfecho foi trágico.

Trágico também foi o desfecho do personagem de outra filmagem divulgada pelo portal do Jornal Extra. As imagens da auiliarde limpeza, Claudia da Silva Ferreira, de 38 anos, sendo arrastada por um camburão após ter sido baleada durante uma operação policial correram o mundo. Se você ainda não viu, o que duvido, veja no link abaixo.



Mas, voltando ao início deste texto, dias depois, li no Facebook um comentário de um grupo que responde pelo singelo nome  de "FACA NA CAVEIRA". O argumento do autor ou autores era de que os PMs que prestaram socorro não tinham culpa e que a pessoa que fez as imagens, ao invés de acelerar para avidsar aos policiais o que estava acontecendo, pereferiu continuar filmando.


Peritos dizem que o corpo foi arrastado por 350 metros. Olhando as imagens não dá pra afirmar se dava pro carro que ia atrás do camburão emparelhar e avisar aos policiais. O trânsito estava pesado e a Patamo estava "costurando" buscando passagem.

Mas fica a questão. Em um caso como esse, o flagrante vale mais do que tudo? Até que ponto o fetiche da imagem fala mais alto? Vale a reflexão. 

Na sua coluna do último domingo (23/3), o jornalista Elio Gaspari, lembrou, entretanto, a importância do fato ter sido registrado, afinal, mesmo que Claudia tenha sido baleada por acidente; mesmo que a porta da caçamba do camburão tenha se aberto por causa de um defeito; houve desleixo no socorro à vítima e desrespeito pela vida humana:

"Como disse o viúvo de Cláudia, ao governador Sérgio Cabral: 'Se não tivesse aquele cara que filmou, este seria só mais um caso. Tomou tiro, entrou no hospital e morreu' ”.


3 comentários:

  1. Justamente: fico entre "caramba, ele devia ter largado o celular e corrido atrás pra avisar!" e o "mas de repente não ia adiantar e o flagrante é importante". Será que cada caso é um caso, será que o desfecho podia ser diferente? Apaixonada por imagens que sou, ainda assim acho que meu impulso, minha escolha, seria correr atrás e tentar ajudar na hora. Ainda que isso me impedisse de ajudar depois...

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    1. Com certeza, cada caso é um caso. Com o tempo venho aprendendo a olhar mais pro lado, tentar fugir da versão imediata, da conclusão apressada. O post segue essa ideia.

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  2. Comentário de Cássia Casé

    "Repórteres Fotográficos" amadores e por muitas vezes anônimos. Todos tem o seu valor, porém cabe as áreas competentes, a análise correta de muita mais que imagens.
    Em ambos os casos, do garoto na UPA e também o lamentável caso Claudia, evidenciam descaso porém, ainda, não nos trazem respostas, só defesas indefensáveis, testemunhas sem "peso" e até as muitas Autoridades que vieram a público garantir o que não pode ser mantido.
    Sem críticas, registros que, também, podem ser fonte de renda, para os que possuem controle emocional para gerar documento.
    Na minha opinião, todo registro é válido, contanto que sejam divulgados, não apenas para "horrorizar" a população e provocar ódio , revanges, etc..
    Por respeito, esses registros devem ser apresentados com mais cautela.
    Erramos "na mão", vulgarizando tragédias que, até o momento, não levam a NADA.
    Resta-nos a tristeza de lembrarmos, por algum tempo, o rosto e expressões de dor daqueles que terão que conviver sem a presença dos entes amados, quando a "ficha" cair e a mídia mudar de assunto para outras vítimas.
    Mais um número para triste estatística de impunidade.
    População sofrida com medo, bem como os Policias que honram suas fardas e estão ameaçados de " morte" moral e física.
    Deus!! ..onde está o fim do túnel? Quando a "Luz" vai acender?
    Enquanto isso, vamos continuar registrando.
    PAZ e CONFIANÇA!

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