segunda-feira, 5 de maio de 2014

M... NA CABEÇA

Desculpem o título de mau gosto. Mas, na verdade, ele não se refere ao torcedor morto ao ser atingido por um vaso sanitário quando tentava deixar o estádio do Santa Cruz, no Recife, na última sexta-feira (2/5) e sim ao imbecil que arrancou o vaso sanitário de um banheiros do estádio e deliberadamente o arremessou contra um grupo de torcedores rivais. Este sujeito, sim, como tantos outros que vão a partidas de futebol como quem vai a uma guerra, tem merda na cabeça.



O Brasil é o "País do Futebol"... É a sede da Copa do Mundo... E a pouco mais de um mês para o início do Mundial somos surpreendidos pela absurda notícia da morte do rapaz Paulo Ricardo da Silva, de apenas 26 anos.

 

Agora, como explicar a um turista que comprou seu ingresso para a Copa que ele não será, também, atingido por um vaso sanitário ao deixar o estádio? Vocês se dão conta do quanto é degradante para um país uma notícia como essa? Ela se soma a tantas outras notícias que nos chegam no dia a dia e que nos mostram o quão distante estamos de ser um País com P maiúsculo. E não estou falando apenas de futebol, mas sim de civilidade, de respeito ao próximo, de dignidade...
A bizarra morte do torcedor do Sport que decidiu assistir a uma partida de futebol junto à torcida rival de outra equipe pernambucana mostra a banalidade com que a vida humana vem sendo levada em conta noi Brasil.

Um sujeito que chega do alto das arquibancadas e arremessa uma pesada peça de louça sobre pessoas é um assassino. Não há outra definição possível.  A intenção desse deplorável ser humano era de matar alguém. E não me venha depois, se descoberto for (o que acho muito difícil), fazer cara de coitado. A mesma cara que fez o corintiano que atirou um sinalizador contra a torcida do San Jose e matou uma criança boliviana de apenas quatorze anos, um ano atrás.





Não há desculpas para atos como esses.

O processo de catarse gerado pelas manifestações coletivas não pode suplantar o respeito pela vida humana.

Mas os fatos se repetem, as vítimas se multiplicam e nada de mais efetivo é feito (ou, se é feito, não surte resultados). O amigo e sociólogo Maurício Murad, professor da Uerj, estuda o tema há muitos anos e em 2012 revelou um estudo assombroso. Na década de 90 suplantamos Itália e Argentina e nos tornamos os campeões do mundo em violência nos estádios. mais de 40 mortes em uma década.
Aspas para Maurício:

"As torcidas se tornam militarizadas e passam a agir como se fossem pelotões e contingentes militarizados. E depois, com a articulação com o crime organizado, isso tudo gera esse confronto horroroso que agride a nossa consciência e que precisa ser contido já. O Brasil é o maior país do mundo por morte de confrontos entre torcedores. Isso é gravíssimo. Os marginais são a minoria das torcidas organizadas, entre 5% e 7%. É uma minoria perigosa, que tem que ser contida. Eles são armados e treinam lutas em academias clandestinas."



Quer cena mais ametrontadora do que ver hordas de torcedores sendo escoltadas pelos policiais para chegar ao estádio sem provocar tumultos? Um absurdo total com o qual a polícia, a imprensa e os clubes são coniventes.


As mortes se sucedem e os marginais continuam lá.

Quando um novo fato lamentável acontece, a mídia se escandaliza: "Ohhh! isso não pode continuar..."; os clubes se horrorizam "Ohhhh! Isso não pode continuar"; e a polícia ameaça: "Isso não vai continuar!".
E sempre continua.

Não é preciso mágica e sim inteligência.

A imprensa pode agir com mais vontade e denunciar os marginais que agem nos estádios. Nada que um bom jornalismo investigativo não possa nos proporcionar.
Os clubes têm que parar de subsidiar essas facções que, em épocas eleitorais, são usadas para garantir que dirigentes se mantenham no poder.
 E a polícia e as autoridades têm que usar de tecnologia para coibir a presença desses facínoras nos estádios.
Dou o exemplo do meu time, o Botafogo. Há alguns meses duas torcidas organizadas (Fúria e Jovem) foram proibidas de frequentar os jogos. Na prática isso impede que se leve bandeiras, faixas, intrumentos musicais, mas não impede que os maus elementos continuem frequentando o mesmo local que eu, um pacífico torcedor (me restinjo aos palavrões).

Outros países como a Inglaterra, berço dos terríveis hooligans, são muito mais efetivos do que nós. Lá, torcedor que se envolve em confusão é banido dos estádios. Na Argentina se implantou um controle biomértico que barra os que estão prioibidos de assistr aos jogos pela justiça.


Vem aí a Copa e dificilmente termos algum problema disciplinar. Os ingressos, caríssimos, inibem esses baderneiros, a segurança será super reforçada e tudo correrá bem no "País do Futebol".
O problema é que a Copa acaba e tudo recomeçará como antes e, em breve, teremos mais um cadáver para chorar. E creio que ninguém duvida disso.
Sem punições severas nada vai mudar e veremos o mesmo torcedor corintiano que foi preso na Bolívia, se envolver dias depois de ser solto, em outro tumulto dentro de um estádio.


Ou entãoo, ler no twiter do torcedor vascaíno que agrediu um homem caído na arquibancada, com uma barra de ferro, que não se arrepende do que fez e que está pronto, com as benesses das autoridades, a fazer tudo de novo.

 
Pobre "País do Futebol". Pobres de nós.

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