Estar sempre nas manchetes
de rádios, jornais e TVs é o sonho de muitos.
Este é o objetivo daqueles que buscam a fama. Ser nacionalmente, ou quem sabe
internacionalmente conhecido.
Mas essa superexposição midiática
tem, também, o reverso de sua moeda. Ao invés da fama, a mídia também
pode registrar a decadência, a derrocada...
Vejam o caso do atacante
Jobson.
Mesmo aqueles que não se
interessam por futebol já devem ter ouvido falar nele. E, talvez, não por
seus gols ou conquistas, mas sim por sua ficha criminal.
Esta semana, ele
reapareceu, mais uma vez envolvido em denúncias. Desta vez está sendo acusado de ter estuprado quatro adolescentes da cidade de Conceição
do Araguaia, no estado do Pará, sua cidade natal.
Jobson tem, hoje, 28 anos.
Apenas 28 anos.
Poderia, ainda, estar
atuando nos gramados, mas seus erros impedem que isso aconteça.
Começou a carreira no
Brasiliense e, depois de uma breve passagem pela Coréia do Sul,
acabou indo parar no Botafogo, onde logo se destacou.
Me lembro claramente do
espanto que me tomou de assalto no primeiro dia em que o vi em campo.
Era o que os antigos chamavam de azougue. Um jogador hábil, veloz,
determinado, quase impossível de ser marcado. Há muito não me
impressionava tanto com um jogador.
A mídia também logo
passou a exaltá-lo.
Numa temporada em que o
alvinegro lutou até a última rodada contra o rebaixamento para a
série B do Brasileirão, Jobson acabou sendo o destaque. Foi dele o
gol que garantiu a permanência do Botafogo na primeira divisão.
Valorizado, tinha como
certa sua ida para o Cruzeiro, mas eis que surgiu a primeira bomba.
Exames antidoping mostraram que havia usado cocaína antes da partida
contra o Coritiba. E para piorar a situação, um novo exame, feito
após a partida contra o Palmeiras dera o mesmo resultado.
O jogador acabou por
confessar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva que havia
fumado crack, droga que consumia desde 2008.
A transferência melou e
teve início o calvário do jogador.
O veredito do STJD foi o
esperado. Dois anos de suspensão. Porém, uma nova audiência acabou
por reduzir a pena para seis meses.
O então presidente do
Botafogo, Maurício Assumpção resolveu dar abrigo a Jobson. Tivera
um problema de drogas na família e decidira dar uma nova chance ao
jovem atacante.
O treinador Joel Santana e o atacante Loco Abreu,
líder da equipe também acreditaram no jogador, mas uma série de
problemas disciplinares e suspeitas de que Jobson não estaria
seguindo o tratamento fizeram com que fosse emprestado ao Atlético
Mineiro no fim do ano.
Não deu certo, como também
não vingou por muito tempo sua ida para o Bahia.
O pior, contudo, ainda
estava por vir. A Agência Mundial Antidoping analisou o caso do
doping de Jobson, e determinou que a pena imposta pelo órgão
brasileiro fosse aumentada. O jogador deveria cumprir mais 6 meses de
suspensão, só podendo retornar ao futebol em março de 2012.
Embora sempre houvesse uma
esperança, por parte daqueles que sabiam de seu talento, Jobson não
conseguiu se acertar dali para frente. Foram mais duas passagens
pelo Botafogo, pelo Gêmio Barueri, pelo São Caetano e até pelos
Emirados Árabes onde o consumo de drogas pode significar pena de morte. Foi acusado de agredir a esposa, detido por desacato numa
blitz e, no Oriente Médio, foi suspenso por se recusar a fazer um
exame antidoping.
Por seu histórico recebeu da FIFA uma nova e dura punição: quatro anos de suspensão.
O medo de que longe dos
gramados Jobson se afundasse de vez não se mostrou infundado.
Após ter um recurso negado
para a suspensão da pena pelo Comitê Arbitral do Esporte, na Suíça,
em janeiro deste ano, o atacante volta a aparecer nas páginas policiais.
As acusações são
gravíssimas. As menores de idade teriam sido estupradas após
consumirem bebidas e drogas. Se comprovadas representarão o fim da
carreira do jogador que até março deste ano insistia em aceitar o
inevitável. Numa entrevista ao repórter Gustavo Rotstein, do
Globo.com, afirmou:
“Quero manter a forma e
vou precisar mudar minha rotina em muitas coisas. O momento é de
receber apoio da família e dos amigos de verdade, pois muitos somem
nessa hora. Eu sei o que aconteceu na Arábia, foi uma sacanagem do
clube, mas agora não vou lamentar. É cabeça erguida e dar a volta
por cima. O Jobgol não morreu.”
A derrocada de Jobson conta uma história triste de um menino que por paixão à bola encontrou a fama, uma companheira volúvel que pode não ser a melhor das conselheiras. O mundo de fora dos gramados com tentações trazidas por quem nada sabe de bola atraiu o habilidoso atacante, como a luz atrai mariposas. Jobson se queimou. Ferimentos profundos e, talvez, incuráveis.