quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Aberta a temporada da estupidez

Podem me chamar de chato, de careta ou de qualquer adjetivo menos publicável. Mas sou radicalmente contra aos trotes que ocorrem a cada começo de semestre nas universidades.

Noutro dia, estava eu passando pela SAARA, quando me deparei com duas meninas totalmente pintadas e descalças com um copinho na mão pedindo moedas para financiar a cerveja dos veteranos.

Não consigo ver a menor graça neste tipo de humilhação, ainda que consensual.

Professor da Uerj, a cada semestre me espanto com a imbecilidade que toma conta dos alunos que recebem os calouros. As "brincadeiras" são bizarras e abusam de qualquer parâmetro do bom senso.

De acordo com um ex-aluno meu, o raciocínio é o seguinte: a pessoa sofre em um semestre, mas sacaneia as outras nos sete semestres seguintes. Edificante, não acham?
Uma outra aluna defende o trote dizendo que se trata de um rito de passagem e que as pessoas participam porque querem. Só que a gente sabe que não é assim que funciona. Primeiro há uma enorme pressão e depois, para o aluno que está chegando, aquele é um mundo novo, ao qual ele precisa se integrar, ainda que o preço seja este.

Concordo que entrar numa universidade é importante e pode haver um rito de passagem. Em São Paulo e em outros estados, por exemplo, há a tradição dos "bixos" rasparem a cabeça, mas é algo que se faz sem a pressão de um grupo.

Existem trotes muito mais inteligentes. E em um país com tanta desigualdade social, os universitários deveriam estar muito mais voltados para boas ações relacionadas à área em que pretendem se formar, do que se dedicarem a jogar farinha e ovos nos outros.
E olha que nem estamos falando dos trotes mais violentos que, vira e mexe, fazem suas vítimas por aí.



A Uerj até tem um programa chamado Calouro Humano, de boas vindas aos novos alunos, mas isso de nada, ou muito pouco, adianta se a univiversidade fecha os olhos para os trotes que continuam humilhando as pessoas sob o pretexto de uma integração discente.

8 comentários:

  1. Trotes são ridiculos, primitivos.
    Porque o trote não pode se transformar em um trabalho voluntário? Ajudar por um dia...tantos necessitados e doentes.
    Fechei com vc neste tópico!

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  2. Professor,

    Concordo com o senhor em todos os graus possíveis. Estranhei muito quando cheguei ao Rio e me deparei com este tipo de manifestação. Sem querer comparar, algo que é inevitável, mas os trotes em alguns estados são brincadeiras onde as pessoas celebram a vitória de um calouro!!!! Maisena, ovo, corante alimentício, arroz, vale tudo para festejar, desde que seja com estes elementos. E claro, o trote solidário, onde doa-se sangue, material escolar, alimentos... Acho que foi por isso que nunca consegui me integrar de fato no 1º semestre da faculdade, pois não participei do trote e sempre vi e critiquei o que presenciava na UERJ. E continuo reprovando.

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  3. Ah Casé...

    Eu também não participei do meu trote de faculdade! Achei que algum dia eu ia acabar me arrependendo, mas isso não aconteceu. Você sabe, nunca fiquei excluída por isso. Me achava era muito velha para esse tipo de coisa. Te conto uma: o pessoal de engenharia lá da PUC é proibido há anos de ter trote. Simplesmente pq uma dessas brincadeiras acabou causando a morte de um jovem..
    Vamos encher nossos tempos e experiências com casos produtivos!

    beijos da amiga,

    Maria Clara Cardona

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  4. Beijo, doce Clara
    apareça sempre por aqui.

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  5. Concordo com vc, Casé, inclusive no meu trote fui embora sem sapato; deixei lá e pedi carona pra minha mãe, abandonei as brincadeiras idiotas! Parabéns pelo blog, adorei! bjs

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  6. Concordo plenamente, Casé. Aliás é preciso que outras e outras e outras vozes se levantem contra tal prática, cretinamente relativizada por alunos e mestres. Basta de considerar normal o que decididamente não é.

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  7. Este é um mal da nossa sociedade, Henrique. Só reclamamos quando nos pisam o calo.

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  8. Não me conformo com os trotes, e com o fato das faculdades não se esforçarem para proibi-los!
    São um retrato do mundo atual que acha bacana rir da humilhação alheia.
    Dadi

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