segunda-feira, 12 de maio de 2014

VAI TER COPA: PARA VER E PARA OUVIR

Adoro garimpar antigos jornais e revistas, é como viajar no tempo.
E hoje com a disponibilidade dos acervos online, tudo fica bem mais fácil.
E o legal é que as preciosidades aparecem quando menos se espera. É como se você estivesse cavando em busca de ouro e, de repente, desse de cara com uma esmeralda ou outra pedra preciosa.
Mas chega de blá,blá, blá e vamos ao que interesssa.



Folheando digitalmente o acervo da revista Placar eis que me deparo com uma reportagem sobre a transmissão da Copa de 1970, a que nos deu o Tri. A notícia tinha razão de ser, afinal, seria o primeiro Mundial em que os brasileiros (inclusive eu, com 7 anos de idade) poderiam assistir aos jogos da Seleção ao vivo. Até então, o máximo que a torcida brasileira tinha conseguido era assistir às partidas da seleção canarinho através de vídeo-tape. Em 62, no Bi.  A fita embarcava no Chile, de avião, e os jogos eram  apresentados aqui apenas dois dias depois.


E isso já era um grande avanço se pensarmos que na primeira conquista, em 58, torcer pelo escrete nacional, só pelo rádio mesmo.


                                            Waldir Amaral narrando a Copa da Suécia - 1958


Na  Copa do México, em 70, todos os jogos do Brasil foram transmitidos ao vivo. Para alguns países, em cores, para o Brasil, em preto e branco. Os outros 21 jogos exibidos em terras tupiniquins foram "ao morto" mesmo, em vídeo-tape.
Em termos tecnológicos não há qualquer nível de comparação entre aquele Mundial e o atual, mas em um determinado ponto, a Copa de 70 foi melhor em relação à de 2014. O sinal era aberto para todas as emissoras e você podia escolher onde assistir. Atualmente, só transmite quem paga alto (muito alto) para a Dona FIFA.

O atrativo pela Copa na TV era o grande chamariz para a venda de aparelhos


Teremos até mais opções este ano, graças ao cabo, mas nem todo mundo tem acesso às TVs por assinatura (apesar do GATONET).
A restrição à transmissão só tem aspectos negativos (a não ser para a FIFA, é claro), restringe o mercado de trabalho e, de certa forma, "obriga" o telespectador a assistir onde há transmissão e não no canal que ele prefere.

Outro ponto legal da reportagem que reproduzo a seguir é uma análise da transmissão das emissoras de  rádio e o que mudaria com a concorrência da TV ao vivo.
Vale a leitura, nem que seja por questões arqueológicas.
Os mais antigos vão se lembrar de um bocado dos nomes citados.

Com vocês, a moderna TV dos anos 1970.


    

2 comentários:

  1. A Copa de 70, primeira transmitida ao vivo, via Intelsat, foi também uma das primeiras experiências de televisão em cores no Brasil, utilizando-se o sistema PAL-M, uma invenção de militares brasileiros, que junta a norma de TV em cores alemã "PAL", com o padrão de linhas e quadros americano "M", que já era a utilizada no Brasil para o preto-e-branco. Meu pai era um dos executivos da Rede Globo naquela época, e, por conta disso, pudemos assistir a Brasil X Uruguai na casa do Walter Clark, então diretor-geral da Globo. Walter mandou adaptar para o PAL-M um televisor colorido americano. Ainda não existiam aparelhos PAL-M de fábrica, o que só foi acontecer um ano e meio depois, quando a TV em cores chegou oficialmente ao Brasil. A "trapizonga" não deu lá muito certo... As cores variavam toda hora. Carlos Alberto, de repente, ficava todo verde. O gramado ficava meio azulado, às vezes... A atriz Ilka Soares, então mulher de Clark, ironizou: - "Com essa TV em cores, os jogadores ou estão com hepatite, ou com rubéola!". Sim, hora estavam amarelos, hora ficavam meio roxos... Por conta disso, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, famoso executivo de produção e programação da Globo, dominador e perfeccionista, sentou-se no chão, grudado ao televisor, e metia a mão nos controles toda hora, ajustando as malditas cores... Mas o grande personagem da noite foi Ronald Chevalier, o famoso Roniquito, boêmio de Ipanema, amigo de Clark. De porre, como sempre, Roniquito soltava os maiores palavrões a cada jogada mal sucedida. Como havia mulheres e crianças no salão, Clark, literalmente, pegou Roniquito pelo cangote e o deixou de castigo no escritório anexo, trancado, vendo o jogo num pequenino aparelhinho preto-e-branco... Final de jogo, Brasil na final, fogos soltos pela janela. E uma pulga atrás da orelha dos diretores globais. Em 72 as cores serão obrigatórias nas emissoras. Conseguiremos evitar um fiasco igual a esse?

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