terça-feira, 9 de junho de 2015

A CEGUEIRA DA INTOLERÂNCIA

Tolerância.
A palavra apesar de toda sua complexidade, deveria ser de simples compreensão.
Tolerância, no popular, significa basicamente o seguinte: seja como você é e aceite as pessoas como elas são.

Mas como tem sido difícil para a sociedade moderna aceitar algo tão simples.
A todo momento pululam bate-bocas sobre o tema. Religião, homossexualidade e racismo lideram o ranking com folga.

Nem bem terminou a marola provocada pelo "beijo gay" entre as personagens das atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Thimberg, surgiu a polêmica da "propaganda gay" da Boticário para o Dia dos Namorados" e antes mesmo do assunto esfriar, surge o "escândalo" da transexual que participou da Parada Gay de São Paulo "crucificada".


O último caso promete ainda muito bafafá já que além da questão sexual, também envolve a questão religiosa, ou seja, nitroglicerina pura (pelo menos para aqueles que se sentem atingidos).
Não que a imagem da cruz já não tenha sido usada de várias formas, em vários contextos e sem tanto ou qualquer alarde. Mas dessa vez era um GAY!!!!!!!



A intenção era chocar. E o objetivo foi plenamente alcançado.
Apelação? Agressão gratuita? Viadagem? Nada disso...
Independente da forma escolhida para o protesto, ele é válido, pois denuncia a violência contra a comunidade LGBT, uma epidemia nacional. Uma violência que a sociedade brasileira prefere fingir que não vê.

De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no Brasil, a cada uma hora alguém é agredido por causa de sua opção sexual. Um número que quintuplicou de 2011 a 2014.
Isso não merece ser denunciado?
Não se trata de uma exclusividade nacional, é verdade, mas, com certeza, nosso país não cansa de fornecer exemplos nada exemplares.

E em relação à intolerância religiosa não ficamos muito atrás.
As religiões Afro, o Islamismo, o Espiritismo e outras crenças menos populares sofrem com a satanização de seus rituais ou têm suas práticas tratadas de forma pejorativa por credos dominantes.
E o pior, a disseminação deste preconceito é fomentada justamente por pessoas que deveriam pregar o bem e a paz.  Vejam a imagem pescada da timeline de uma amiga no Facebook.




Não caiamos na esparrela, todavia, de condenar apenas um credo. Isso seria minimizar a questão. Embora muitas ações intolerantes noticiadas recentemente tenham ligação com segmentos das igrejas pentecostais, não é possível colocar todo mundo no mesmo balaio.
É claro que se o sujeito tem acesso aos meios de comunicação e falar para milhares, milhões de pessoas, seu discurso ganha muito mais peso, para o bem e para o mal.



O mais curioso é que nós, brasileiros, que gostamos tanto de copiar o que vem de lá de fora, não copiamos os bons exemplos de diversos países que lidam com a tolerância de forma extremamente natural e que não discriminam seus cidadãos por conta de credo, cor ou opção sexual.

Deve ser porque o brasileiro acha que não é preconceituoso. Que preconceituosos são os outros.
Não assumir, ou não saber identificar seus próprios preconceitos só piora as coisas.

No link abaixo está o depoimento que minha colega de TV Brasil, Luciana Barreto, âncora de um dos telejornais de rede da emissora, pretou na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Defensora da igualdade de direitos em nosso país, ela faz um relato que se encaixa muito bem no que falo aqui.
O Brasil não é um país de iguais e quando se busca uma maior igualdade, não faltam rótulos que tentam desmerecer as iniciativas.
São apenas 10 minutos, mas suas palavras que transbordam realidade.

https://www.facebook.com/lucianabarretooficial/videos/1073266249369572/?fref=nf


Vivemos, no Brasil, um caso coletivo de cegueira seletiva. Vemos o que queremos e não enxergamos o que não nos é do agrado.
Isso vale para a miséria, para a violência, para a discriminação... 
Uma cegueira que leva à intolerância, principalmente contra aqueles que insistem em nos abrir os olhos. É como diz Luciana ao final de sua fala:

"Parem de pedir paz quando, na verdade, o que querem é silêncio."

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