domingo, 21 de junho de 2015

TRISTES EXEMPLOS

Vivemos tempos muito difíceis. Ou tempos irracionais , como bem classificou Gilberto Scofield Jr. no FB.
Tempos de intolerância e de total desrespeito com a opinião do contrário, com suas crenças, com seus pensares...
Só hoje surgiram mais dois exemplos. A grotesca pichação com ameaças ao apresentador Jô Soares pelo "pecado mortal" de ter feito uma entrevista com a presidente Dilma, e o assassinato de um médium dentro de um centro espírita, no Rio de Janeiro. 



E por que, de repente, esse clima de intolerância cresceu tanto?
Me parece que tem gente se aproveitando do clima de instabilidade do país para insuflar radicalismos e isso é perigoso demais...
A História está aí para não nos deixar esquecer.
Não consigo deixar de me espantar ao ver parlamentares cantando "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" ao aprovarem a redução da maioridade penal numa comissão do Congresso.



Me choca ler que uma menina que já tinha sido apedrejada pelo simples fato de frequentar um centro de Candomblé, ainda ser ofendida moralmente ao ir na delegacia fazer exame de corpo de delito.



E me envergonha ver um marmanjo, cheio de marra, casaco camuflado e bonezinho com bandeira do Brasil humilhar dois haitianos que estão legalmente no Brasil por "acreditar" que eles fazem parte de uma tática de infiltração de estrangeiros para um golpe comunista no país.



Tudo bem, existe a catarse, mas ela não é gratuita, e sim provocada.
Grupos adeptos do "quanto pior melhor" acreditam que, dessa forma, podem se favorecer mais adiante.
O que não dá é aceitar tudo isso como se fosse normal.
Não é possível ficar calado diante de tantos exemplos de intolerância, até porque eles podem gerar reações contrárias e aí o bicho pegaria de vez.
Desculpem a citação "lugar comum", mas ao pensar em tudo o que está acontecendo, o texto de Bertold Brecht, em "No caminho, com Maiakowski", não me sai da cabeça.
"Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."

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