quarta-feira, 8 de junho de 2016

O ABSURDO NOSSO DE CADA DIA...

Mesmo que muitas vidas eu já tivesse vivido (e, quem sabe, já não as vivi), não seriam elas suficientes para entender o que acontece nessas plagas abaixo da Linha do Equador. É tudo tão sem sentido que a frase dita por Tom Jobim, décadas atrás, ganha status de dogma: "O Brasil não é para principiantes".

Vejam bem, caros amigos e amigas, ao decidir se candidatar para a Copa de 2014, o Brasil sabia que teria que abrir os cofres e garantir burras de dinheiro para a construção e/ou reforma de estádios "Padrão FIFA". Era essa a regra do jogo imposta pela vetusta entidade.

Isso, no entanto, não incomodou muito as autoridades locais. Estádios virariam arenas modernas, coisa de primeiro mundo e, o melhor (para muitos) seria preciso fazer obras, muitas obras. Obras que acarretariam desde empregos até grandes dividendos políticos. Portanto, fez-se ouvidos moucos quando protestaram contra o número excessivo de locais de competição ou quando se contestou os "elefantes brancos" do Amazonas e de Mato Grosso, estados sem qualquer relevância no cenário futebolístico tupiniquim.





O Brasil havia de mostrar que podia sediar um grande evento esportivo mundial de forma muito mais impressionante do que em 1950, quando já se tinha construído o maior estádio do mundo, também popularmente conhecido como Maracanã. Para isso, não bastavam apenas estádios, mas, também, grandes obras de infra-estrutura nas cidades-sede, os tais legados da Copa.

O que se viu durante o Mundial, dentro de campo (7x1) e fora dele, foi que a coisa desandou. Se os estádios ficaram prontos a tempo e cumpriram seu papel de acordo com a cartilha dos indiciados por corrupção Joseph Blatter e Jérôme Valcke, os tais legados ficaram largados.

São vários os exemplos: os VLTs de Goiânia e de Fortaleza, o monotrilho de São Paulo, terminais de BRT no Recife ainda fechados um terminal do Aeroporto de Fortaleza servindo apenas para voos do mosquito da Dengue. E há muito mais.



Para piorar, nem o legado esportivo compensou.
Vejamos alguns números que confirmam as previsões que qualquer paranormal picareta poderia ter feito quando foram anunciados quantos novos estádios teríamos.
Arena Manaus: só 13 partidas realizadas durante todo o ano de 2015. Prejuízo estimado em 7 milhões de reais.
Arena Pantanal: 41 partidas disputadas em um ano de funcionamento. Público total de cerca de 360 mil pagantes. Bem menos do que a população de Cuiabá (550 mil).
Estádio Mané Garrincha, Brasília: 14 partidas disputadas em 2015. Da inauguração até hoje não passaram de 100 jogos. Número só engrandecido pelas eventuais partidas disputadas por times de outros estados na Capital Federal.
Mas, até isso, está prestes a acabar.

Pasmem, meus caros. Por conta da briga entre torcedores do Flamengo e do Palmeiras, no último final de semana, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva decretou, hoje (08/06/2016) que o estádio está interditado para partidas de futebol. Ou seja, um estádio construído para a Copa não pode mais ter a bola rolando em suas milionárias instalações por conta da estupidez de bandos de dementes que se dizem torcedores.



Vejam um trecho da decisão de Sua Excelência Caio César Rocha:
"Outrossim, o periculum in mora resta demonstrado, pois parece-me que, ao menos neste juízo perfunctório, o Estádio Mané Garrincha não reúne condições para receber partidas com a devida segurança, até que sejam apresentadas soluções que garantam a completa segurança no estádio, seja em relação à própria infraestrutura da arena, seja em relação à elaboração de protocolos de segurança específicos para tal estádio."



É como se para evitar o grande número de mortes pele violência no trânsito interditássemos as ruas e estradas brasileiras.

No entanto, num país de situações tão estapafúrdias como o nosso, a decisão pode não desagradar a todos. Já deve ter autoridade pensando em fazer novas obras no estádio para "garantir a segurança dos torcedores". O que significaria uma gorda licitação e, quem sabe, até uma comissãozinha básica.

É...
Não tá nada tranquilo.

Não tá nada favorável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário