Ao maestro, com carinho

No domingo do feriadão de Corpus Christi estava eu no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, pronto para embarcar para o Rio, depois de uns dias em Ouro Preto, quando me deparo com o maestro Paulo Moura. Estava acompanhado da esposa e de seu sax. Cheguei a comentar com minha filha e pensei mesmo em cumprimentá-lo, como admirador de seu trabalho.


Não o fiz e, hoje, quando li no jornal que ele tinha morrido, vítima de um câncer linfático, que o vinha fazendo sofrer há algum tempo, fiquei triste. Não só por sua morte, mas pelo fato de não ter me dirigido a ele naquela ocasião. Na hora pensei que se tratava de uma tietagem boba, mas hoje vejo que seria uma boa oportunidade para mostrar a ele, mais uma vez, que seu talento era importante e que dava prazer às pessoas. Que melhor elogio para um artista do que este?

Há muito tempo os discos de Paulo Moura passaram a ter lugar cativo em minha discoteca. Desde os tempos em que ele balançava o Circo Voador, nas Domingueiras, ao lado da Orquestra Tabajara.

Paulo vivia experimentando. Seus parceiros e ritmos eram os mais variados. Seus discos com a pianista Clara Sverner foram os primeiro que tive.


Depois, graças à gravadora Kuarup, tive o prazer de ter o Consertão, que unia o maestro a Arthur Moreira Lima, à fera do violão, Heraldo do Monte, e ao cantor Elomar.


Depois, outro disco mágico, em que o talento transbordava. Encontro reunia Paulo, Clara Sverner, outro maestro, Turíbio Santos e uma de minhas musas vocais: Olívia Byington.


Aliás a arte do encontro fez com que surgisse um dos mais belos CDs que já tive: Dois Irmãos. A união da genialidade do sopro de Paulo Moura com as cordas de Raphael Rabello.

Meu xará foi embor, mas logo outros companheiros se chegaram, trazendo outras cordas, como Armandinho e Yamandu Costa.

Hoje os dois irmãos estão juntos de novo. Que os querubins pendurem suas harpas, Deus tem coisa bem melhor pra ouvir.

Comentários

  1. Casé,

    Paulo Moura foi uma perda inestimável. O que nos conforta quando perdemos esses gênios, é que a obra deles é imortal. Basta comprar um disco, ouví-los, sentir a arte e pronto. Ficam ali, do nosso lado pra sempre ...

    Um abraço e parabéns pelo blog. Foi grata surpresa. Pretendo sempre dar uma passada por aqui !
    Humberto Cottas.

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  2. Maravilha, Rafael...o teu blog e as "notas" do Paulo Moura que li, "escutei" atento e "vi" a tua impressão digital, típica dos apaixonados! Divido com voce a tietagem! Até um outro post!
    Carlos Hiran

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