O dia está sendo marcado pelas imagens de violência da retomada de um terreno abandonado da Oi, no Engenho de Dentro. Violência por parte da polícia, violência por parte dos invasores. Feridos (entre eles uma criança), carros incendiados e caos no trânsito dos bairros próximos.
Escrevo ainda no frigir dos ovos, mas o tema que quero debater não depende do resultado da ação.
Começo perguntando: por que a ação de desocupação do terreno foi feita de maneira tão célere pelas autoridades cariocas?
Algumas possíveis respostas:
- Para que se cortasse o surgimento de mais uma favela no Rio, antes que ela se estabelecesse.
- Porque a Oi foi atendida em seu pedido de reintegração de posse e a justiça deve ser cumprida da maneira mais célere possível.
- Porque uma cidade que vai sediar uma Copa e uma Olimpíada não pode se dar ao luxo de ter novas favelas.
- Porque a mídia descobriu, por acaso, a nova favela, fez alarde e as autoridades se mexeram por conta disso.
- Um pouco de todas as repostas acima.
De uns vinte anos para cá, a ocupação de terrenos, prédios, fábricas e galpões abandonados virou rotina. A Avenida Brasil e bairros do subúrbio, atingidos pelo esvaziamento econômico do Rio, se tornaram as áreas mais propícias. São muitos os exemplos: a antiga fábrica de roupas
Evelin, a CCPL, em Benfica, a fábrica da Borgauto (Bonsucesso), a
Conab (Manguinhos) e a fábrica da Poesi em
Ramos.
O GLOBO/2002
O GLOBO/2008
Por que então o terreno da Oi se transformou numa exceção?
Porque os invasores deram o "azar" de serem flagrados quando ainda começavam a invasão.
Na terça-feira, dia 1º de abril, o jornal O Dia falava sobre o começo da invasão, inclusive relatando confrontos com policiais. No dia 3 o repórter Genilson Araújo, a bordo do helicóptero em que trabalha todos os dias, fez uma foto do alto.
O telejornal Bom Dia Rio também chegou a fazer imagens com o Globocop durante a semana, mas o assunto só ganhou destaque depois que O Globo fez uma matéria, na sexta-feira (4/4) com o emblemático título: "Como nasce mais uma favela"
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