De uns tempos para cá, meu óculos de leitura se tornaram um acessório indispensável. Estar sem eles à mão é correr riscos desnecessários de pagar mico no meio da rua. Foi assim no banco, noutro dia. Precisei ler o número do Renavam no documento do carro para digitar no terminal e quem disse que conseguia. Por sorte, uma moça atrás de mim, ao ver meu desespero com o embaralhamento dos pequenos números, se compadeceu e me ofereceu os seus. Não foi mico, foi quase um King Kong.
O que me serve de consolo é que, pelo menos, dois anos após ser obrigado a utilizá-los, meu grau continua o mesmo. Minha vista cansada, pelo que parece, descansou um pouco.
Na última sexta-feira (19/8) fui ao cinema no Shopping Leblon. Sim, porque naquele shopping só dá pra ir ao cinema, à Travessa ou a pouquíssimas lojas que praticam preços razoavelmente normais. Ir ali, para mim, é o mesmo que folhear uma revista em alemão ou chinês, só dá pra ver as figuras. Meu bolso chega a gargalhar com alguns preços. Uma gargalhada de desespero, é verdade.
Nesta noite, enquanto minha mulher e minha filha trocavam um presente, circulei pelos corredores e ao passar por uma loja que vendia calçados italianos, fiquei perplexo. Não acreditei no número que meus fatigados olhos captavam. Busquei meus óculos, mas de nada adiantou. O preço continuava o mesmo: o sapato feminino de salto não muito alto, parecendo ser de verniz, custava a “bagatela” de R$ 2.390,00.
Numa busca através do site Decolar.com, vi uma passagem para Roma, pela Lufthansa, a US$ 1313,00. Se multiplicarmos pela cotação do dólar comercial (R$1,60), gastaríamos R$2.100,00. Ou seja, ainda sobrariam quase 300 reais, para comprar um bom sapato por lá.
Os preços das coisas está mesmo disparatado.
Com o aumento do poder aquisitivo, graças à estabilidade econômica, os preços também subiram, e muito. E quanto mais simples o produto ou serviço, maiores são os reajustes. Paguei, há bem pouco tempo, R$ 1,50 por um rolo de fita isolante. Fui comprar outro, recentemente, e não enconterei por menos de 5 reais. Mas como o valor é baixo, ninguém protesta
Um mesmo copinho de água mineral pode custar de R$ 1 a R$ 3, dependendo do local e ninguém fala nada, apesar da variação de 200% no preço.
Se formos falar de preços em retaurantes, então, o absurdo é ainda maior. Cada um cobra o que quer e, o que é pior, é que as pessoas pagam.
No jornal de bairros Zona Sul, da última semana, o chef francês Olivier Cozan soltou o verbo em uma entrevista na qual criticava seus colegas donos de restaurantes, que viajam na maionese na hora de determinar os preços das refeições.
Leia um trechinho da entrevista:
“Não sei o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Como pode um peito de pato ou um foie gras nacional custar 30% a mais que o importado? Está tudo superinflacionado, mas isso só existe porque o consumidor está ali, paga e não reclama. Eu sempre digo: pagar caro não é chique, não — dispara.”
Ele culpa, também, como dá pra ver, os consumidores.
“Se alguém cobra 80 reais por um risoto, é porque tem alguém que paga”.
Eu tenho saído cada vez menos para comer fora e não se trata de uma questão ideológica não. Ou meu poder aquisitivo caiu muito, ou os restaurantes é que estão extrapolando..
Atualmente prefiro chamar uns amigos lá pra casa e passarrmos um noite bem agradável, com boa mesa, taças cheias e um preço bem menos salgado