sexta-feira, 24 de junho de 2016

O TRISTE FIM DE UM MENINO QUE JOGAVA BOLA

Estar sempre nas manchetes de rádios, jornais e TVs é o sonho de muitos. 
Este é o objetivo daqueles que buscam a fama. Ser nacionalmente, ou quem sabe internacionalmente conhecido. 
Mas essa superexposição midiática tem, também, o reverso de sua moeda. Ao invés da fama, a mídia também pode registrar a decadência, a derrocada...

Vejam o caso do atacante Jobson.



Mesmo aqueles que não se interessam por futebol já devem ter ouvido falar nele. E, talvez, não por seus gols ou conquistas, mas sim por sua ficha criminal. 
Esta semana, ele reapareceu, mais uma vez envolvido em denúncias. Desta vez está sendo acusado de ter estuprado quatro adolescentes da cidade de Conceição do Araguaia, no estado do Pará, sua cidade natal.

Jobson tem, hoje, 28 anos.
Apenas 28 anos.
Poderia, ainda, estar atuando nos gramados, mas seus erros impedem que isso aconteça.

Começou a carreira no Brasiliense e, depois de uma breve passagem pela Coréia do Sul, acabou indo parar no Botafogo, onde logo se destacou.
Me lembro claramente do espanto que me tomou de assalto no primeiro dia em que o vi em campo. Era o que os antigos chamavam de azougue. Um jogador hábil, veloz, determinado, quase impossível de ser marcado. Há muito não me impressionava tanto com um jogador.
A mídia também logo passou a exaltá-lo.




Numa temporada em que o alvinegro lutou até a última rodada contra o rebaixamento para a série B do Brasileirão, Jobson acabou sendo o destaque. Foi dele o gol que garantiu a permanência do Botafogo na primeira divisão.



Valorizado, tinha como certa sua ida para o Cruzeiro, mas eis que surgiu a primeira bomba. Exames antidoping mostraram que havia usado cocaína antes da partida contra o Coritiba. E para piorar a situação, um novo exame, feito após a partida contra o Palmeiras dera o mesmo resultado.

O jogador acabou por confessar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva que havia fumado crack, droga que consumia desde 2008.
A transferência melou e teve início o calvário do jogador.

O veredito do STJD foi o esperado. Dois anos de suspensão. Porém, uma nova audiência acabou por reduzir a pena para seis meses.

O então presidente do Botafogo, Maurício Assumpção resolveu dar abrigo a Jobson. Tivera um problema de drogas na família e decidira dar uma nova chance ao jovem atacante. 



O treinador Joel Santana e o atacante Loco Abreu, líder da equipe também acreditaram no jogador, mas uma série de problemas disciplinares e suspeitas de que Jobson não estaria seguindo o tratamento fizeram com que fosse emprestado ao Atlético Mineiro no fim do ano.
Não deu certo, como também não vingou por muito tempo sua ida para o Bahia.

O pior, contudo, ainda estava por vir. A Agência Mundial Antidoping analisou o caso do doping de Jobson, e determinou que a pena imposta pelo órgão brasileiro fosse aumentada. O jogador deveria cumprir mais 6 meses de suspensão, só podendo retornar ao futebol em março de 2012.

Embora sempre houvesse uma esperança, por parte daqueles que sabiam de seu talento, Jobson não conseguiu se acertar dali para frente. Foram mais duas passagens pelo Botafogo, pelo Gêmio Barueri, pelo São Caetano e até pelos Emirados Árabes onde o consumo de drogas pode significar pena de morte. Foi acusado de agredir a esposa, detido por desacato numa blitz e, no Oriente Médio, foi suspenso por se recusar a fazer um exame antidoping.
Por seu histórico recebeu da FIFA uma nova e dura punição: quatro anos de suspensão.


O medo de que longe dos gramados Jobson se afundasse de vez não se mostrou infundado.
Após ter um recurso negado para a suspensão da pena pelo Comitê Arbitral do Esporte, na Suíça, em janeiro deste ano, o atacante volta a aparecer nas páginas policiais.
As acusações são gravíssimas. As menores de idade teriam sido estupradas após consumirem bebidas e drogas. Se comprovadas representarão o fim da carreira do jogador que até março deste ano insistia em aceitar o inevitável. Numa entrevista ao repórter Gustavo Rotstein, do Globo.com, afirmou:
“Quero manter a forma e vou precisar mudar minha rotina em muitas coisas. O momento é de receber apoio da família e dos amigos de verdade, pois muitos somem nessa hora. Eu sei o que aconteceu na Arábia, foi uma sacanagem do clube, mas agora não vou lamentar. É cabeça erguida e dar a volta por cima. O Jobgol não morreu.”



A derrocada de Jobson conta uma história triste de um menino que por paixão à bola encontrou a fama, uma companheira volúvel que pode não ser a melhor das conselheiras. O mundo de fora dos gramados com tentações trazidas por quem nada sabe de bola atraiu o habilidoso atacante, como a luz atrai mariposas. Jobson se queimou. Ferimentos profundos e, talvez, incuráveis.



5 comentários:

  1. Muito bom o texto. Mais um talento desperdiçado, como Adriano. Uma lástima tudo isso. Abraços, Marcos Eduardo Neves.

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  2. Pois é, Marquinhos. São muitos que sem uma estrutura familiar e emocional enveredam pelos descaminhos. Abs

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  3. Chance teve d+. O Botafogo ajudou até onde pode mais como ajudar alguém que não quer ser ajudado?
    É uma pena ver um talento tão grande ser desperdiçado. Força JOBSON vc consegue saie dessa.

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