segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Preços tresloucados

De uns tempos para cá, meu óculos de leitura se tornaram um acessório indispensável. Estar sem eles à mão é correr riscos desnecessários de pagar mico no meio da rua. Foi assim no banco, noutro dia. Precisei ler o número do Renavam no documento do carro para digitar no terminal e quem disse que conseguia. Por sorte, uma moça atrás de mim, ao ver meu desespero com o embaralhamento dos pequenos números, se compadeceu e me ofereceu os seus. Não foi mico, foi quase um King Kong.





O que me serve de consolo é que, pelo menos, dois anos após ser obrigado a utilizá-los, meu grau continua o mesmo. Minha vista cansada, pelo que parece, descansou um pouco.

Na última sexta-feira (19/8) fui ao cinema no Shopping Leblon. Sim, porque naquele shopping só dá pra ir ao cinema, à Travessa ou a pouquíssimas lojas que praticam preços razoavelmente normais. Ir ali, para mim, é o mesmo que folhear uma revista em alemão ou chinês, só dá pra ver as figuras. Meu bolso chega a gargalhar com alguns preços. Uma gargalhada de desespero, é verdade.

Nesta noite, enquanto minha mulher e minha filha trocavam um presente, circulei pelos corredores e ao passar por uma loja que vendia calçados italianos, fiquei perplexo. Não acreditei no número que meus fatigados olhos captavam. Busquei meus óculos, mas de nada adiantou. O preço continuava o mesmo: o sapato feminino de salto não muito alto, parecendo ser de verniz, custava a “bagatela” de R$ 2.390,00.



Numa busca através do site Decolar.com, vi uma passagem para Roma, pela Lufthansa, a US$ 1313,00. Se multiplicarmos pela cotação do dólar comercial (R$1,60), gastaríamos R$2.100,00. Ou seja, ainda sobrariam quase 300 reais, para comprar um bom sapato por lá.

Os preços das coisas está mesmo disparatado.

Com o aumento do poder aquisitivo, graças à estabilidade econômica, os preços também subiram, e muito. E quanto mais simples o produto ou serviço, maiores são os reajustes. Paguei, há bem pouco tempo, R$ 1,50 por um rolo de fita isolante. Fui comprar outro, recentemente, e não enconterei por menos de 5 reais. Mas como o valor é baixo, ninguém protesta

Um mesmo copinho de água mineral pode custar de R$ 1 a R$ 3, dependendo do local e ninguém fala nada, apesar da variação de 200% no preço.

Se formos falar de preços em retaurantes, então, o absurdo é ainda maior. Cada um cobra o que quer e, o que é pior, é que as pessoas pagam.

No jornal de bairros Zona Sul, da última semana, o chef francês Olivier Cozan soltou o verbo em uma entrevista na qual criticava seus colegas donos de restaurantes, que viajam na maionese na hora de determinar os preços das refeições.



Leia um trechinho da entrevista:

“Não sei o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Como pode um peito de pato ou um foie gras nacional custar 30% a mais que o importado? Está tudo superinflacionado, mas isso só existe porque o consumidor está ali, paga e não reclama. Eu sempre digo: pagar caro não é chique, não — dispara.”

Ele culpa, também, como dá pra ver, os consumidores.

“Se alguém cobra 80 reais por um risoto, é porque tem alguém que paga”.

Eu tenho saído cada vez menos para comer fora e não se trata de uma questão ideológica não. Ou meu poder aquisitivo caiu muito, ou os restaurantes é que estão extrapolando..

Atualmente prefiro chamar uns amigos lá pra casa e passarrmos um noite bem agradável, com boa mesa, taças cheias e um preço bem menos salgado




2 comentários:

  1. É mesmo surreal:
    (Há uns três meses, passeando com minha mãe pela zona sul de Belo Horizonte, que me convidou para CONHECER uma confeitaria bem famosa da cidade) Entramos, ela deslumbrada com o visual dos bolos e salgados. "Vamos comer uma empada, mãe?", "vamos!". Inexplicável, porém, foi o preço de uma empadINHA-INHA-INHA, nada maior que a palma da mão: R$7,00. Não comemos e, pelo mesmo preço, em uma salgaderia menos famosa, não muito distante dali, o mesmo valor pagou dois refrigerantes e dois empadões. Obs: a tal doceria estava cheeeeia!
    Não entendo!
    E não pago!

    ResponderExcluir
  2. Também adorei a matéria com o Olivier Cozan. E também vou cada vez menos a restaurantes. Se você tiver sorte, como eu tive, vai conseguir comprar uma passagem para a Europa (no meu caso foi pra Paris) numa promoção da Lufthansa por apenas US$899! Sobra um bocado de dinheiro pra comprar sapato. Uma amiga que mora na Bélgica veio ao Rio e tentou comprar uma bermuda para o filho de 10 anos. Quase não acreditou ao ver o preço de mais de R$300 - era uma loja da moda (não que ela quisesse comprar numa assim, somente entrou na primeira loja de roupas infantis que viu). Uma bermuda infantil!!! Não comprou e, indignada com os preços no Rio, ainda veio me oferecer trazer roupas da Europa quando eu precisasse de alguma coisa para meus filhos! Só rindo pra não chorar!

    ResponderExcluir