segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Porca miséria

Noutro dia um ex-companheiro dos tempos de SBT veio me fazer uma consulta: devia ou não colocar em seu currículo que tinha trabalhado no telejornal SBT-Rio.
A dúvida pode não parecer lógica, mas é só assistir a uma edilção do telejornal para ver que a incerteza de meu amigo procede.
Trabalhamos juntos nesse mesmo telejornal (se é que o programa, hoje, pode ter essa qualificação) e fazíamos um trabalho sério e de qualidade, se levarmos em conta os parcos recursos que tínhamos. Costumo, inclusive, a brincar com meus alunos dizendo que éramos pobres, mas éramos limpinhos.
Hoje o SBT-Rio nada mais tem a ver com o jornal que fazíamos. Basta dizer que, ao som de um funk composto para ele, o apresentador costuma a jogar seu sapato contra a câmera.



 Não é raro vê-lo com um tridente de plástico espetando a imagem de bandidos no monitor que fica no cenário.
Agora, para meu espanto, vi que ele também se veste de mulher e encarna uma personagem chamada Rebecca Forcollete, que noutro dia entrevistava um go-go boy conhecido pelo "singelo" nome de Tony Tripé.



Foi-se o tempo em este tipo de jornal popularesco apelava apenas para o sangue escorrendo na tela e para as bravatas ameaçadoras de seus apresentadores. É claro que isso continua, mas há também, agora, todo um show (dos horrores), misturando pautas "engraçadas" que dão espaço para que repórteres também tenham direito a seu número no picaeiro eletrônico.

Esta semana, por  acaso, assisti a uma matéria sobre um sujeito que tem um porco de estimação e passeia com ele pela zona sul do Rio.


http://www.youtube.com/watch?v=VermNOZR9uw

Tudo bem que não é uma pauta brilhante, mas poderia, se bem feita, ser até curiosa. Só que, no caso do SBT-Rio, o porco apenas fez "escada" para o número cômico-jornalístico de Daniel Penna-Firme.



Entre tantas gracinhas, chegou ao climax beijando o focinho do porco.


Me dei ao trabalho de solicitar uma cópia da matéria.
A guardarei com carinho e a exibirei para meus alunos.
Pelo menos essa serventia terá.
Entenderam o porquê do temor do meu amigo? Vai que alguém acha que ele foi responsável por algo do gênero...
Para nós que trabalhamos lá é triste, muito triste, ver tudo isso.

3 comentários:

  1. Sem falar que esse assunto está mais do que vencido......o assunto do porco já foi publucado por aí.
    Eu aqui tenho sky e o sinal é de SP, nesse caso é vantajoso.kkkkkk

    Lud

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  2. Tenho uma cópia da matéria e posso te passar, caso queira. É só me dar o seu e-mail que te mando o arquivo. A matéria já está no Youtube. Segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=VermNOZR9uw

    Respeito, amigo, mas discordo da sua visão sobre o assunto. Acho que há espaço para esta linguagem e para este tipo de produto jornalístico sim. Há público prá isso! E esse público merece um jornalismo mais leve, mais pessoal, mais brincado. A matéria não teve nada de apelativa ou bizarra. Todas as informações sobre o tema foram dadas com um toque de humor e algumas piadas. É apenas uma questão de estilo. Mas em momento algum houve prejuízo da informação em função das piadas. Aconselho, de maneira respeitosa, que abra sua mente. Excesso de tradicionalismo não é bom. Em alguns casos, leva à obsolescencia profissional.

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  3. Caro Daniel
    Não me considero um tradicionalista, mas respeito sua posição, embora discorde dela. Com sua argumentação, chegamos ao famoso dilema de Tostines: o público quer este tipo de matéria ou acaba se contentando com as matérias que lhe oferecem?
    Não acho que um beijo em um porco seja algo normal para um repórter, mas agradeço suas argumentações e, principalmente, o respeito com que foram postadas aqui.
    Não me considero o dono da verdade, apenas uso este espaço para expor minhas opiniões e estarei sempre aberto a debatê-las. Só lhe peço que não considere obsoletos os profissionais que pensam de outra forma. Creia, experiência (não no sentido de experimentalismo) também é importante.
    Um abraço de quem ajudou a construir a marca que você leva na canopla.

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