sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pensata eleitoral

Confesso!
Já fui mais engajado...
Nos dias de eleição ia até um comitê do PT perto de minha casa e pegava um monte de santinhos para fazer boca-de-urna (naquele tempo podia).Ia lá pra fente da Galeria menescal, munido com o jornal que expliva onde ficavam os locais de votaçõa, pronto a ajudar os "perdidos" e, se possível, anotar o endereço no santinho do candidato...
Já até me filiei a um partido, o PSB, na época em que o Sérgio Cabral (o pai) trocou de partido e precisava de uma força no número de filiações. Pouco tempo antes ele quase se candidatou à prefeitura do Rio pelo PMDB e eu e mais dois amigos (Jacques e Sérgio) nos envolvemos com a campanha.
Eram tempos em que a democracia começava a se firmar. Ainda nem votávamos para presidente.
Aliás, naquele super-comício das Diretas Já eu estava lá, bem em baixo do sinal de trânsito na esquina das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco.



Abracei a Lagoa com o Gabeira. Me vesti de preto e fui pra orla avisar pro Collor que era hora dele "pedir pra sair".
Mas, de uns tempos pra cá esse meu ímpeto se arrefeceu. Tudo me parece tão igual...
Para quem viu debates nos quais estavam lado a lado, Lula, Brizola, Ulisses e Covas, fica difícil ver Paes, Freixo, Rodrigo Maia e Otávio Leite.
As campanhas estão cada dia mais pasteurizadas, como mostra o vídeo abaixo. Um tutorial de como montar um programa para o horário político.



http://www.youtube.com/watch?v=PfO3tAtHYsA

A estrutura econômica e operacional das campanhas é absurda. A campanha de Eduardo Paes à reeleição no Rio, segundo seus coordenadores, utiliza cerca de mil pessoas. E com um tempo desproporcional de TV, garantido por alianças políticas bizarras, forma-se um rolo compressor político que vai achatando quem se coloca na frente.
Campanhas como a de Freixo têm que buscar formas de superar essa tsunami de spots e filmes publicitários, cartazes, faixas, bandeiras e santinhos, através de caminhos alternativos como a militância, o boca-a-boca e as redes sociais.
Fechei com ele e não por achá-lo perfeito para ser prefeito (sem a intenção do trocadilho), mas por não ver em nenhum dos outros candidato uma opção mais interessante. E nesse caso a expressão "farinha do mesmo saco" cai como uma luva, afinal, quase todos, de alguma forma, estão ligados ao ex-prefeito César Maia, que tenta voltar ao poder, desta vez como vereador (embora não merecesse mais ser eleito nem a síndico de prédio de três andares, sem elevador).
- Eduardo Paes surgiu como prefeitinho de Maia.


- Otávio Leite foi vice de César Maia.


- E Rodrigo Maia, além de ser filho de César Maia ainda traz a reboque a filha de Anthony e Rosinha Garotinho.


Dizem que democracia é assim mesmo, que a gente vai aprendendo com o tempo e amadurecendo na escolha dos candidatos, porém, sem uma reforma política, que acabe com esses partidos de aluguel e com candidaturas de fachada, a coisa ainda vai demorar muito.
O poder econômico não pode ser tão decisivo.
Em vários países as doações de campanha só podem ser feitas por pessoas físicas, com registro de seus CPFs e com um limite pré-estipulado.
Enquanto empresários puderem doar o quanto quiserem (e sabe-se lá o que pedirão em troca), o que veremos são essas campanhas milionárias em ritmo de lavagem cerebral.
Nem por isso prego o voto nulo ou em branco. Acho que temos que assumir nossa responsabilidade nessa história e ela começa com um voto mais consciente. Escolher pessoas realmente bem intencionadas para o legislativo (seja ele municipal, estadual ou federal) já é um primeiro passo. Dizer que todos são iguais é o que os corruptos mais querem ouvir.
Bom voto a todos!



2 comentários:

  1. Pois é! Se o voto é de pessoa física, por que o financiamento de campanha é de pessoa jurídica? Desde quando o interesse empresarial está necessariamente afinado com o interesse do cidadão? Qual a legitimidade desse financiamento?

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  2. Pois é, Lorena, mas o problema maior é que quem poderia mudar isso é o Legislativo que, na verdade, não tem a menor vontade de matar a galinha dos ovos de ouro.

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