quinta-feira, 10 de abril de 2014

MINHA JANELA DE FRENTE PRO CRIME


Dizem que a TV é uma janela aberta para o mundo e, deixando a poética de lado, é mesmo. Através do televisor podemos conhecer lugares a que nunca fomos, saber mais sobre pessoas que, provavelmete, jamais conheceríamos de outra forma, nos entreter e nos informar...
As informações que nos chegam, são de toda espécie, mas, infelizmente, cada vez mais adentram à nossa sala imagens relacionadas à violência urbana. Uma violência que acaba ganhando uma exposição ainda maior ao ser reproduzida pela internet.
Vejam dois exemplos desta semana. O primeiro aconteceu na segunda-feira, na Tijuca. Um professor é baleado no coração e morre ao tentar resistir a um assalto.

 



http://extra.globo.com/casos-de-policia/video-flagra-execucao-de-professor-na-tijuca-zona-norte-do-rio-12144439.html#ixzz2yUsPIlbh

Apesar do crime ter acontecido numa das mais movimentadas ruas do bairro, ninguém foi preso.

Na quarta-feira, mais um flagrante impressionante e, felizemnte, sem morte. Enquanto o repórter Eduardo Tchao, da TV Globo entrevistava uma senhora sobre roubos nos arredores da Central do Brasil, um pivete arrancou o cordão de ouro da vítima sem se intimidar com a câmera.



https://www.youtube.com/watch?v=-K_NbGCfITU

O repórter, por instinto, saiu atrás do assaltante, mas o que se vê na sequência das imagens é que o rapaz passa ao lado de outras pessoas que, mesmo sabendo que ele está sendo perseguido, nada fazem.

Na sequência do telejornal o que se vê é o posicionamento da polícia. Comentários padrões e vagos que dão a impressão a nós, moradores, que não há como policiar a cidade como um todo. Nem mesmo os pontos onde se sabe que os roubos acontecem com maior freqência.

São tantos problemas que me fazem lembrar uma sala cheia de goteiras onde, por conta de não se conseguir consertar o teto, espalha-se panelas e vasilhames para coletar a água.


Na verdade, para se ter a noção de que os problemas do Rio não se resumem à violência, não é preciso recorrer à "janela eletrônica". Qualquer janela normal expõe o quanto as coisas estão erradas.
Trabalho na Lapa, entre as ruas dlo Lavradio e Gomes Freire e da janeela da minha sala vejo uma série de irregularidades:

- o abandono da sede do Bola Preta, um casarão centenário que por conta de infiltrações viu o segundo andar desabar. Isso faz quase dois anos. Foi em maio de 2012 e até agora nada foi feito. Provavelmente só se falará de novo sobre o caso se o resto do casarão desabar.


- Embora não chova há alguns dias, há uma grande poça de esgoto na Rua da Relação

- Em uma das esquinas, ônibus fecham o cruzamento, mesmo sob o protesto dos apitos dos controladores de trânsito da Prefeitura (que parecem não fazer outra coisa a não ser apitar)

- Na outra esquina, um carro está parado sobre a faixa de pedestres.

E a gente vai se acostumando com tudo isso. Vai achando que tudo é normal. E não é...
Da mesma forma como vamos nos acostumando com a violência urbana.
Ok, vivemos em um grande centro e em todos eles há violência, mas o conformismo não tem justificativa.
O voyeurismo eletrônico não pode servir para nos sentirmos aliviados pelo fato de que aquilo aconteceu com outros e não conosco.
Não sou contra a exposição da violência, pelo contrário, acho que o papel da imprensa é denunciar. Mas também é preciso cobrar e cobrar sempre, sem se satisfazer com "notas-pé" capengas.
Só com a mobilização da imprensa e da sociedade em geral as coisas podem mudar.
Mas, para isso, também é preciso que cada um faça a sua parte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário