terça-feira, 15 de abril de 2014

QUO VADIS?

Me considero um ser urbano.
Mas o fato de morar no Rio de Janeiro me tira, um pouco, o estigma de habitante de uma megalópole. O Rio é cidade grande, com todos seus problemas, mas tem o mar e mesmo que você não frequente a praia com tanta frequência, como eu, por exemplo, ela está lá, pronta para te receber ou apenas para te proporcionar um lindo e amplo horizonte.

 

Também, não esqueçamos, há a Floresta da Tijuca, presente, ao nosso redor. E para admirá-la não preciso nem sair de casa, é só chegar na janela. Seus habitantes, vez em quando resolvem, até mesmo, visitar os vizinhos urbanóides. Podem ser micos, passeando sobre fios ou um casal de tucanos vermelhos, se você der mais sorte. A Floresta, urbana como eu, está também à disposição em simples roteiros de carro ou para visitas mais específicas como uma caminhada aos domingos nas Paineiras, com direito a banho na água gelada de uma nascente.


Mesmo assim, o Rio, como grande centro urbano, tem horas que torra o saco de qualquer cristão, por mais devoto e paciente que seja. Se formos falar de trânsito, então, aqui deveria ser o local da provação final de todo monge budista. Se o sujeito, depois de passar uma hora e meia preso num trecho que normalmente levaria 15 minutos para percorrer, continuar zen, ganha o diploma com honras ao mérito.
Outras questões como a carestia e a violência urbana também preocupam e desanimam a nós, moradores.

Você, eu não sei, mas eu vivo pensando em como seria morar num lugar mais tranquilo.
Na maioria das vezes isso não passa de uma leve divagação, mas em alguns momentos a tentação é bem grande.

Tenho parentes em Vitória e sempre que vou lá penso que a capital capixaba poderia ser uma boa opção. Também adoro Belo Horizonte, cidade que me atraiu desde a primeira visita ainda nos primórdios dos anos 1980. Mas uma análise mais aprofundada me leva a concluir que também nessas cidades há problemas inerentes aos centros urbanos e que a mudança não seria tão significativa assim.

Qual seria a saída então? Ir morar no interior?

Nos tempos de recém formado em RP, ainda sem um rumo na vida, fui visitar uma amiga em Monte Azul Paulista, no interior de São Paulo, a 100km de Ribeirão Preto e 415 km da capital. Uma cidadezinha com praça coreto, igreja, prefeitura, clube e ponto final. Um lugar bonito, calmo, de gente boa. Cheguei a cogitar em largar tudo e ir morar por lá, mas no ônibus de volta ao Rio, com tempo de sobra pra pensar (mais de 10 horas de viagem) vi que, num lugar como aquele, minhas opções de trabalho seriam poucas e que acabaria sendo comerciante, vereador ou coisa que o valha.

 

Pois no último final de semana conheci algumas pessoas que tomaram a decisão de ir pro interior, mais especificamente para Tiradentes, em Minas Gerais. Gente que, de certa forma, me mostrou que é viável deixar um centro urbano e viver mais em paz. Pessoas que decidiram largar seus trabalhos estáveis e arriscar num negócio próprio em uma cidade turística. Mas por mais idílica que possa parecer a ideia, ela também implica em uma série de dificuldades, principalmente porque, em nosso país, o turismo é um ramo bem instável, sujeito a chuvas e tempestades da economia e ao pedregoso caminho da burocracia e da voracidade fiscal nacional.
Porém, como disse, conheci pessoas que decidiram pegar o touro a unha. E que descobriram que para vencer era preciso se unir. O grupo que se intitula Tiradentes Mais vem tentando mostrar à cidade e ao resto do Brasil o potencial da região. Ao invés do lucro individual, donos de pousadas, restaurantes, lojistas, buscam o crescimento de uma marca de qualidade. Qualidade essa que ao ser apresentada ao turista se transforma em satisfação. Satisfação que fará com que a cidade seja bem aceita e recomendada a outras pessoas.


Parece simples e é. As ideias brilhantes são simples, mas é preciso que alguém pense nelas.
Senti um quê de inveja (da branca...) e até mesmo o desejo de um dia poder participar de algo assim.
Torço para que a iniciativa frutifique, afinal Tiradentes é um lindo lugar e merece que mais gente a conhça.




Porém é preciso que a preocupação com a cidade esteja sempre em primeiro lugar, pois não se pode correr o risco de matar a galinha dos ovos de ouro.
Enquanto não me decido, de fato, a mudar meu estilo de vida, alimento o velho sonho de um dia, bem velhinho, ir morar num casarão da minha querida Olinda e poder, da minha janela, ver, até quando aguentar, o lindo verde mar de Pernambuco e saudar os foliões que por lá passarem a cada Carnaval. Nada mal, não é?

 

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