quarta-feira, 27 de abril de 2011

E viveram felizes para sempre...



Monarquia é um tipo de regime político que reconhece um monarca (rei de forma hereditária ou abdicada) como chefe do Estado. O ofício real é sobretudo reger e coordenar a administração da coisa pública para o bem comum em harmonia social.

O rei/rainha não detém poderes ilimitados como muitas vezes é pensado. A maioria das monarquias existentes no mundo atual está longe da imagem de absolutismo. Basta ver os exemplos das muitas monarquias constitucionais como as do Reino Unido, Austrália, Suécia, Noruega, Dinamarca, Canadá, Japão, Espanha, Bélgica, Liechtenstein,Luxemburgo, Mónaco, Holanda etc.
A Chefia do Estado hereditária é a característica mais comum das monarquias, apesar de haver monarquias eletivas, tais como a do Vaticano, Andorra, Camboja, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Malásia, e Suazilândia.
Das quarenta e quatro monarquias existentes no mundo, vinte são reinos da Commonwealth e dezasseis destes reconhecem Isabel II do Reino Unido como sua chefe de Estado, tendo as restantes quatro, monarcas próprios.



Depois de tão didática apresentação, pergunto eu: por que cargas d´água a mídia brasileira dá tanta importância ao casamento do príncipe William com a plebéia Kate Middleton?
Os mais  afoitos dirão que o motivo é o grande interesse da população brasileira em relação ao tema.
Mas será mesmo?
Se verdade, quais as razões para isso?
Será que é porque já fomos, um dia, governados por um rei?
Será que é por conta de William ser filho de Lady Di?
Será que é por causa do hábito do brasileiro de ler Caras nos salões de cabeleireiro e nas salas de espera de médicos e dentistas?
Ou será que as pessoas acabam sendo atraídas pelo apelo dioturno dos meios de comunicação?



Outra perguntinha. Por que só os casamentos no Reino Unido fazem este sucesso todo? Nunca vi a transmissão do casamento de herdeiros da coroa dinamarquesa ou sueca. Isso para ficarmos por conta do primeiro mundo, já que poderíamos também assistir ao casório da filha do rei Mswatti III da Suazilândia.

A desculpa de que se trata do casamento de uma plebéia com um nobre também já não é mais novidade, até porque a própria mãe do noivo já viveu essa história.

A mídia já escarafunchou todos os detalhes. Claro que já sabemos o que será servido, quem serão as celbridades presentes, de onde virão as flores que comporão os arranjos, afinal, como poderíamos viver sem tais informações?



Será uma cerimônia bonita? Com certeza.
Será um grande evento? É óbvio que sim.

O que me incomoda é a supervalorização do fato. Tem um ranço de tietagem de colonizado. Como se nós, reles mortais tivéssemos o privilégio de assistir às bodas de seres especiais, escolhidos por Deus para traçar o rumo de seus súditos.

Que muitos britânicos, suecos, dinamarqueses, monegascos ou suázis gostem de seus reis e rainhas, eu entendo, mas acho essa história de monarquia algo totalmente sem sentido nos dias de hoje.

Sei que depois deste post jamais serei convidado para um chá no Palácio de Buckingham, mas esse é o destino de jornalistas plebeus que falam o que pensam.

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