sexta-feira, 29 de abril de 2011

Juntos, não... Embolados

O slogan do meu banco é: "Vamos fazer juntos?"
Qiem dera fosse assim...


Desde que o Banco Real virou Santander, nunca estvemos tão afastados.
Nas poucas agências que frequento, o ambiente é improvisado. Na última que tive o desprazer de entrar, no início da rua das Laranjeiras, dos sete caixas eletrônicos, só um estava disponível para saque.

Quando estive de férias nos Estados Unidos, no último dia de viagem, meu cartão foi bloqueado. O número do telefone para quem está no exterior não funcionava. Depois de muito tentar e por caminhos tortuosos cheguei a uma atendente que disse que meu cartão havia sido bloqueado por segurança. Que segurança, cara pálida? Se nos seis dias anteriores o tinha usado em profusão sem qualquer bloqueio. Reclamei com minha gerente e ela prometeu me dar uma satisfação sobre o que ocorrera. Se ela ligou para algum de vocês, me avisem, pois para mim é que não foi.
Hoje, quando tentei pagar dois DARFS opor telefone fui comunicado que sem uma determinada senha eletrônica, que não recebui, não poderia usar o serviço. Bão podia acessar o home banking do trabalho pois o sistema de lá não permite. Tentei, então ligar para minha "eficiente" gerente. Mas não tive o prazer de escutar sua voz, pelo simples fato de nas 25 vezes em que tellefonei para minha agência, ninguém atendeu até que a ligação caísse.
Revoltado, liguei para o SAC do banco, e durante dez minutos fiquei na linha esperando por atendimento, sendo obrigado a ouvir um sujeito dizendo o quanto o Santander é bom e me perguntando: vamos fazer juntos?
Sou da opinião de que banco não é para dar dor de cabeça. Abri minha conta no Real em 1991.
Acho que chegou a hora de mudar de ares...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E viveram felizes para sempre...



Monarquia é um tipo de regime político que reconhece um monarca (rei de forma hereditária ou abdicada) como chefe do Estado. O ofício real é sobretudo reger e coordenar a administração da coisa pública para o bem comum em harmonia social.

O rei/rainha não detém poderes ilimitados como muitas vezes é pensado. A maioria das monarquias existentes no mundo atual está longe da imagem de absolutismo. Basta ver os exemplos das muitas monarquias constitucionais como as do Reino Unido, Austrália, Suécia, Noruega, Dinamarca, Canadá, Japão, Espanha, Bélgica, Liechtenstein,Luxemburgo, Mónaco, Holanda etc.
A Chefia do Estado hereditária é a característica mais comum das monarquias, apesar de haver monarquias eletivas, tais como a do Vaticano, Andorra, Camboja, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Malásia, e Suazilândia.
Das quarenta e quatro monarquias existentes no mundo, vinte são reinos da Commonwealth e dezasseis destes reconhecem Isabel II do Reino Unido como sua chefe de Estado, tendo as restantes quatro, monarcas próprios.



Depois de tão didática apresentação, pergunto eu: por que cargas d´água a mídia brasileira dá tanta importância ao casamento do príncipe William com a plebéia Kate Middleton?
Os mais  afoitos dirão que o motivo é o grande interesse da população brasileira em relação ao tema.
Mas será mesmo?
Se verdade, quais as razões para isso?
Será que é porque já fomos, um dia, governados por um rei?
Será que é por conta de William ser filho de Lady Di?
Será que é por causa do hábito do brasileiro de ler Caras nos salões de cabeleireiro e nas salas de espera de médicos e dentistas?
Ou será que as pessoas acabam sendo atraídas pelo apelo dioturno dos meios de comunicação?



Outra perguntinha. Por que só os casamentos no Reino Unido fazem este sucesso todo? Nunca vi a transmissão do casamento de herdeiros da coroa dinamarquesa ou sueca. Isso para ficarmos por conta do primeiro mundo, já que poderíamos também assistir ao casório da filha do rei Mswatti III da Suazilândia.

A desculpa de que se trata do casamento de uma plebéia com um nobre também já não é mais novidade, até porque a própria mãe do noivo já viveu essa história.

A mídia já escarafunchou todos os detalhes. Claro que já sabemos o que será servido, quem serão as celbridades presentes, de onde virão as flores que comporão os arranjos, afinal, como poderíamos viver sem tais informações?



Será uma cerimônia bonita? Com certeza.
Será um grande evento? É óbvio que sim.

O que me incomoda é a supervalorização do fato. Tem um ranço de tietagem de colonizado. Como se nós, reles mortais tivéssemos o privilégio de assistir às bodas de seres especiais, escolhidos por Deus para traçar o rumo de seus súditos.

Que muitos britânicos, suecos, dinamarqueses, monegascos ou suázis gostem de seus reis e rainhas, eu entendo, mas acho essa história de monarquia algo totalmente sem sentido nos dias de hoje.

Sei que depois deste post jamais serei convidado para um chá no Palácio de Buckingham, mas esse é o destino de jornalistas plebeus que falam o que pensam.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

No tempo que Dondon jogava no Andaraí

Na galeria do Unibanco Arteplex há uma bela mostra de fotos do acervo do Instituto Moreira Salles sobre futebol.



Fotos que parecem ser de tempos longínquos, mas que datam de apenas algumas décadas. Um exemplo da evolução (nem sempre apenas com aspectos positivos) do esporte bretão em terras tupiniquins.
Tempos em que as travas das chuteiras, as traves não eram arredondadas e a bola era marrom.
Tempos em que o Maracanã era o maior estádio do mundo.


Em comum, os ídolos, eternos.
Com o celular, capturei duas fotos do ídolo alvinegro Heleno de Freitas. Sei que não devia ter feito isso, mas o coração alvinegro do João Moreira Salles há de me perdoar.
As compartilho aqui com vocês.



sábado, 23 de abril de 2011

Você já foi ao Rio, nêga? Não? Então vá!



Fui, finalmente,assistir ao filme "Rio", animação americana dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha.
Não me faltavam indicações, nem motivos. O maior deles é que minha tese de mestrado tem a ver com a imagem da cidade do Rio de Janeiro no cinema.

As críticas foram as melhores possíveis.

De acordo com a Cora Rónai, em sua última coluna, no Globo, "...é o filme mais lindo e engraçadinho dos últimos tempos. As ararinhas e demais bichos são ótimos personagens, a cidade é tratada com carinho - quem é que não gosta disso de vez em quando? - o roteiro é simpático, competente e bem escrito... Poucas vezes o custo de um ingresso pagou tanta felicidade."
Caetano Veloso também adorou. "...Claro que 'Rio', em parte é como o chapéu da Carmen Miranda ou um desenho de Disney da época da política da boa vizinhança, ou ainda os lugares-comuns sobre a alegria brasileira que às vezes aparece com ar sinistro em festivais de música na Europa. Mas a combinação do olho íntimo e informado de Saldanha com as diferenças entre o nosso tempo e os tempos de Zé Carioca faz os clichês de 'Rio' parecerem mais com a 'História Secreta do Brasil', de Claudia Bernhardt de Souza Pacheco, do que com 'Alô, amigos'..."
Já Arnaldo Jabor, com toda sua passionalidade, declarou:"...É o Rio visto por olhos brasileiros, com a máxima tecnologia americana. Não poderia haver mistura melhor. O resultado é a visão mítica da cidade, poética, e fiel à realidade com céu, sal, sul e favelas também. Esse filme faz parte do ressurgimento do Rio como a Copa e as Olimpíadas. Ele será um importantíssimo e profundo cartão postal do Brasil. Nós vamos rever o Rio poético, que vive em nossos sonhos reais. O 'Rio', filme, terá importância política para o Brasil no mundo. É uma UPP do cinema."

O que dizer, então, sobre um filme tão decantado?
Que esperava mais...

Para tentar ser mais claro, vou tentar listar, abaixo, o que gostei e o que não gostei.

Pontos positivos:
- A beleza exuberante da cidade é muito bem retratada no filme. O cuidado com os detalhes e com o realismo geográfico da paisagem é visível. O que torna "Rio", como diz Jabor, um folheto de turismo em 3D circulando ao redor do planeta.



- Mostrar que o Rio não é só Cristo e Pão de Açucar. Há incursões por Santa Teresa, de bondinho, e até pela favela da Rocinha.
- As imagens do desfile no sambódromo são muito legais e fruto do fato de os animadores terem desfilado em uma escola de samba.



- Pequenos detalhes que fizeram a diferença, como mostrar gente jogando futevôlei ou o pessoal assistindo a um jogo de futebol da Seleção numa birosca. A bunda, também sempre tão explorada como relevo relevante da cidade, foi mostrada apenas uma vez...rs
- Essa incursão dos profissionais que participariam do filme pela cidade foi fundamental para que eles pudessem captar o olhar apaixonado de Carlos Saldanha.

E não me venham dizer quem em filme tudo fica bonito, porque ao sair do Unibanco Artplex dei de cara com a enseada de Botafogo e, ao dobrar na rua Professor Alfredo Gomes (rua da antiga Sears) enxerguei a linda silhueta do Corcovado com o Cristo abraçando a todos lá em cima. Paisagens tão lindas quanto na tela.

O que não gostei:
- Em alguns momentos ainda senti um certo ranço daquela "República das Bananas" dos filmes atingos sobre a cidade. Talvez, por ter assistido a cópia legendada, tenha ficado com essa impressão. Algumas vozes ficaram meio "cucarachadas".
- A questão do tráfico de aves silvestres é legal, mas daí a mostrar araras em profusão voando pelos céus da cidade, vai uma pequena diferença. Em meio à Floresta da Tijuca e por todo Rio podemos ver muitas aves, mas, no filme, deram uma carregada nas tintas.



- A música, no entanto, foi o que mais me incomodou. Nunca fui fã de Sérgio Mendes. Acho que a música "brasileira" produzida por ele de qualidade assaz duvidosa. É como pegar a MPB, extrair o suco e só servir um refresco. O filme poderia ser muito mais rico musicalmente, mas pecou feio em nome da comercialização.

Não há dúvidas de que para a imagem da cidade no exterior "Rio" é um ganho e tanto. O Rio de Janeiro, tal como Paris ou Nova Iorque é uma daquelas cidades que a câmera adora. E os espectadores também.
É bom ver o Rio bonito.
Acho que esse é o fato, como cita a Cora, que mais fez o filme ser bem recebido por aqui. É uma injeção de auto-estima para o carioca e, porque não dizer, para os brasileiros de forma geral.

 Não é à toa que, por decisão do carioca Carlos Saldanha, a última frase do filme é a exclamação de um dos personagens: "Rio, eu te amo!"

quinta-feira, 14 de abril de 2011

As vaias e o óbvio ululante

“...o torcedor do Botafogo é o único que, em vez de esperar a vitória, espera precisamente a derrota.
Os outros comparecem na esperança de saborear como um Chicabom o triunfo do seu clube. Mas o torcedor do Botafogo é diferente: ele compra o seu ingresso como quem adquire o direito, que lhe parece sagrado e inalienável, de sofrer. Eis a verdade: - ele não vai a campo ver futebol. O futebol é um detalhe secundário e, mesmo, desprezível... No dia em que retirarem do torcedor alvinegro o inefável direito de sofrer e, sobretudo, o direito ainda mais inefável de descompor seu técnico, ele ficará inconsolável, como um ser que perde, subitamente, a sua função e o seu destino. Tudo na vida é uma questão de hábito. E o cidadão que padece todos os dias, acaba se afeiçoando ao próprio martírio ou mais do que isso: - o martírio torna-se insubstituível como um vício funesto.”

O trecho acima, do jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues foi escrito há 55 anos e publicado na revista manchete Esportiva. Mas, se vivo estivesse e houvesse, ontem, redigido tais palavras, o texto não seria mais atual.
Conheço esta crônica há muito tempo, mas nunca a achei tão verdadeira.
Sou um assíduo frequentador do Engenhão. Sócio-torcedor, tenho nos 50 reais que pago por mês, a desculpa necessária para assistir a mais jogos do que deveria. Sempre na esperança de alguma melhora da equipe. No afã de vislumbrar um esquema tático eficiente, uma atuação convincente.
Mas, jogo após jogo, desço a rampa do setor oeste me questionando a razão de ter ido até lá. Como eu, tantos outros se arrastam, ladeira abaixo, se lamentando, blasfemando, vociferando...

Somos sempre os mesmos.

Costumo dizer que somos os seis mil de sempre. Aqueles torcedores mais fiéis, que ali estarão seja boa ou má a fase da equipe. No entanto, esta fidelidade quase canina (afinal somos a “cachorrada”) não é um sinônimo de um amor cordial. Como bem disse o tricolor jornalista, a relação entre torcida e time é, na maioria das vezes, passional, violenta, virulenta. Um amor bandido. Uma paixão sofrida.
E não há, aqui, como não lembrar os versos da canção de Tunai e Sérgio Natureza:
“As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam. Porque o amor e o ódio se irmanam na corrente das paixões”

É claro que as atuações do time atual não colaboram em nada para uma relação mais harmônica. Mais do que título, e é claro que eles são necessários, os torcedores gostam de ver o time atuar bem. Gostam de detectar o empenho daqueles que vestem suas cores, que defendem seu pavilhão. E isso não vem acontecendo.

Nessa hora surgem os bodes expiatórios. Jogadores e treinadores entram na berlinda e qualquer deslize é o suficiente para a condenação sumária. Só que o que vem acontecendo com a torcida do Botafogo transcende esta lógica explicação.
As vaias parecem começar antes mesmo da partida. Qualquer dia desses até o minuto de silêncio será vaiado. E não se trata de um mero apupo. As reações são as mais intempestivas. Os xingamentos são bradados em alto e bom som, com a intenção, ao que parece, de que o alvo dos impropérios realmente os escute.

Não sou nenhum lorde inglês assistindo aos jogos. Tenho minhas explosões de ira. Mas o que tenho visto (e ouvido) ao meu lado me deixa atordoado, a ponto de escrever essas linhas.

Na partida contra o Avaí, na quarta-feira, dia 13 de abril, decidi deixar o local em que estava sentado, em busca de outro assento onde meus ouvidos fossem poupados de tantos e tão violentos protestos.
Soube, depois que o novo treinador reclamara das vaias quase que instantâneas. E dou-lhe razão.
Louco Abreu foi outro a se manifestar.
A mídia adora. A torcida acende o fogo e os jornais, rádios, tevês e sites tratam de alimentá-lo, para que a fogueira da discórdia renda boas manchetes

Pergunto eu, então, caríssimos alvinegros: de que adianta tal comportamento. De que forma isso pode ajudar a reverter o quadro negativo.

Também vaio quando minha paciência se esgota. Mas parece que a paciência dos tais seis mil, ou pelo menos de boa parte deles, se esgota antes mesmo de vestir a gloriosa camisa alvinegra e sair de casa em direção ao suburbano bairro do Engenho de Dentro.
Vejam um exemplo: na partida acima citada, após estarmos perdendo por 2x0, com uma atuação pífia de nossa zaga, conseguimos um empate, buscado na bacia das almas. Mesmo assim, alguns torcedores insistiram em vaiar a equipe, quando esta se dirigia ao vestiário.

Parece ou não parece uma aplicação prática do sarcástico texto de Nélson Rodrigues?

Criado em berço alvinegro, cresci embalado pelas histórias gloriosas de craques que ostentavam uma estrela solitária no peito. Vivi, é verdade, momentos muito difíceis, porém esta paixão que se aproxima de cinco décadas nunca abandonou meu peito.

Sou Botafogo por herança. Sou Botafogo por amor. Um amor que já tomou conta também de minha filha.
Sou Botafogo, independente de conquistas. E, por isso mesmo, quero ao menos um time que me dê orgulho dentro das quatro linhas.

Acho que a torcida tem esse direito e também o dever de cobrar isso.
Somos um patrimônio desse clube, mas o Botafogo também é um patrimônio nosso.

Que nos unamos, portanto, em busca desse objetivo. Não os seis mil de sempre, não os cem mil que o Maracanã viu encher suas arquibancadas pela última vez, em 99. Mas os milhões de botafoguenses espalhados pelo Brasil.

Se para isso for preciso paciência, que a tenhamos.
Se para isso for preciso apoio, que ocupemos o Engenhão e mostremos o quanto é bonita a nossa torcida em festa.

Vaias não mais.
Se vaias resolvessem, nosso time, com certeza, estaria numa situação melhor.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais uma coleguinha

Deu na Internet:

Maria, campeã do BBB 11, vira repórter do ‘Mais você’




Maria é a nova repórter do “Mais você”. A vencedora do “BBB 11” estreou nesta terça-feira no programa com uma reportagem sobre o verbo “mariar”, gravada numa universidade em São Paulo. Ana Maria Braga chegou a anunciar no ar a contratação de sua nova funcionária. O convite para a nova função foi feito por Boninho, diretor também do matinal da Globo. Vale lembrar que Jean Wyllys, logo depois de vencer o “Big Brother 5”, também trabalhou como repórter no programa.

Assim que a notícia surgiu no Facebook, vários coleguinhas começaram a protestar e a dizer que isso tem a ver com a não exigência do diploma.
Discordo. Na TV brasileira, a função de repórter e mesmo de apresentador de programas ditos jornalísticos já deixaram de ser uma exclusividade de jornalistas diplomados há muito tempo.



Este é apenas um exemplo de tantos e tantos outros.

No dia em que os ministros do STF aprovaram a não obrigatoriedade do diploma, eu dei aula na Uerj. Fui questionado pelos alunos sobre o que iria mudar. Afirmei que nada mudaria, e nada mudou mesmo. Os noticiários sérios, os bons jornais, as rádios com pretensão jornalística e os sites confiáveis continuaram e continuarão a buscar jornalistas diplomados. Já os outros, como sempre, estarão em busca de uma opção mais barata ou de algum famoso de ocasião para angariar audiência.

Sempre foi assim e sempre será...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

5.000


O blog Impressões Digitais acaba de alcançar uma bela marca. Neste domingo passamos de cinco mil visitas. Um número bem significativo se levarmos em conta que comecei a usar o Google Analytics (programa que faz toda a análise estatística de sites e blogs) em 27 de setembro de 2010, ou seja, há pouco mais de seis meses.
Agradeço pela fidelidade dos amigos e espero que nossa convivência ainda seja bem longa.
Um grande abraço.

Rafael Casé

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O peso de uma primeira página

Jornais de todo o país estamparam em sua primeiras páginas o massacre de Realengo. Alguns com maior destaque, outros de forma mais comedida.
Este post é para mostrar algumas capas que me chamaram a atenção, seja pelo lado positivo ou, infelizmente, pelo negativo.
Aquela velha história do jornal que quando você espreme sai sangue esteve mais presente do que nunca.










Alguns jornais preferiram associar a tragédia brasileira a outros casos semelhantes pelo mundo





Mas, felizmente também houve jornais em que a sensibilidade falou mais alto. Prova de que é possível fazer um bom jornalismo sem se deixar levar pela tentação do sensacionalismo.










 

Ecos de Realengo

A tragédia de Realengo continua ecoando, na mídia e em nós.
Publico aqui, com muito prazer, um texto enviado pelo sociólogo e antropólogo Hugo Lovisolo, meu colega na Faculdade de Comunicação Social da Uerj.

Sofrer e persistir


Caro Casé: espanto, dor e tristeza provocam a matança de Realengo. Também a vontade de estarmos juntos sofrendo e nos consolando mutuamente. A solidariedade é o vínculo mais forte com todos os envolvidos. Comparto com o Prefeito a idéia de que a escola deve ser um lugar aberto, de relação comunitária e educativa. Não podemos nem devemos fazer das escolas fortalezas fechadas, pois deixarão de ser o que devem ser. Creio que o jornalismo embalado em bons sentimentos semeou alguns fantasmas. O das hipóteses explicativas e preventivas apressadas; o autor da atrocidade deveria ter sofrido de bullyng; os docentes deveriam prever diante, de supostas raridades de conduta, a possibilidade do fato; as escolas deveriam estar aparelhadas para impedir a entrada de armas; policiais vigiando a entrada e coisas pelo estilo.. .observe que os fantasmas da explicação e da prevenção são agitados quando ocorre qualquer tipo de catástrofe. Pareceria que nos sentimos poderosos e que quando ocorre a desgraça temos que procurar responsáveis por imprevisão ou desleixo. Sempre paira certo clima de jornalismo denúncia e uma repetição excessiva das mesmas imagens. Os jornalistas, nas reportagens, deixam pouco tempo para os que vivenciaram o drama se expressarem com gestos e palavras e, mesmo, com silêncios. Necessitamos todos, e principalmente os diretamente afetados, de tempo de elaboração. Temos que realizar o ritual coletivo do duelo que faz suportáveis as feridas, mesmo que jamais as fechemos. Este tempo parece ser pouco adequado ao ritmo de geração da noticia, da matéria, da quantidade e não qualidade da informação. A facilidade de se armar é posta como causa ou pelo menos como condição facilitadora. Nossa lei é bem restrita. Os que falam sobre as armas jamais tentaram comprar uma arma legalmente, nesse caso veriam o controle posto em jogo. As armas ilegais são outra história, não dependem da legislação e sim de sua aplicação nos princípios de nosso direito administrativo. Neste campo ainda temos muitos problemas e a caminhada será longa. Agora, a questão é como o agressor aprendeu a atirar. Talvez apenas tivesse um alto talento para isso e com pouco treino desenvolveu grande habilidade? Se tudo fosse resultado do treino Neymar não seria o que ele é. Fica uma constatação positiva: a escola é boa e, pelas matérias, integrada na comunidade. Este legado dever ser resgatado e difundido. Espero que a catástrofe a fortaleça, pois choraríamos ainda mais se sua direção, seus docentes e seus alunos desistissem. A dor é inevitável, sofrer e persistir na labuta de fazer uma boa escola é ação admirável e que merece sua própria medalha de reconhecimento.

Seu colega, Hugo R. Lovisolo

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luto


A notícia me atingiu aos poucos.
Estava seguindo para a Uerj, trocando estações de música no rádio, quando ouvi um rabicho de notícia sobre algo grave que havia ocorrido em Realengo.
Saí em busca de detalhes. Mudei para a CBN, mas, lá, nada era dito. Sintonizei então a BandNews que trazia informações ainda desencontradas sobre o massacre. O repórter Pedro Paulo Spoletto, pelo celular, tentava descobrir o que ao certo houvera (depois soube que havia sido aluno da Uerj). Ele falava de sangue escorrendo pelos corredores e, incrédulo, eu, o critiquei pela frase, que julguei sensacionalista.
Durante a aula, alunos iam atualizando as notícias que surgiam pelo rádio. Porém, só quando voltei ao carro pude me interar dos detalhes.
Sintonizado estava na BandNews, e ali fiquei, devido ao belo trabalho jornalístico realizado. A rádio conseguia, além de falar sobre o massacre, noticiar outro grave problema. Um vazamento de gás que fez com que a torre de controle do Aeroporto Tom Jobim fosse evacuada, fechando os dois principais aeroportos do Rio para poouso e decolagem por cerca de uma hora. Pauta que desapareceu nos demais noticiários devido à gravidade do caso de Realengo.
O rádio dava ali mostras de sua força informativa e de sua agilidade ainda intocada, mesmo em tempos de internet.
Para quem durante tantos anos trabalhou com o jornalismo diário, ficar afastado de uma cobertura deste peso é até estranho. Fui me informando vendo uma imagem aqui, uma informação acolá. Mas peças isoladas que só se uniram quando assiti à edição do Jornal Nacional.
Pude, então, ter a noção da crueldade da chacina. Crianças e adolescentes, na sua maioria meninas, alvejados friamente em seus pontos mais letais.
Uma situação absurda ao extremo, que parece fugir ao nosso nível de compreensão.
A cobertura do JN foi corretíssima, com apenas um ou dois levíssimos escorregões em direção ao sentmentalismo.
Um jornal que soube dar o peso que a história merecia, com suas diversas faces.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/atirador-mata-alunos-em-escola-no-rio-de-janeiro.html

Embora a gente saiba que muito ainda vai se falar e se explorar o tema.
Posso estar errado, mas tenho quase certeza de que uma das pautas de amanhã vai ser a do encontro da menina que falou ao JN que quer ser bióloga quando crescer, com o policial que matou o bandido. Ela deu até a deixa, dizendo que queria agradecer a ele. Uma pauta clássica depois de qualquer ato de bravura.



Graças a Deus, por estar fora de casa na hora dos noticiários da hora do almoço, não tive o desprazer de ouvir nenhum apresentador vociferando na minha telinha.
A tragédia já era dura por si só. Não havia porque apelar para o sensacionalismo. Mas isso dá audiência... Infelizmente...

Louve-se o trabalho da polícia, que não deixou que a imprensa entrasse na escola durante o dia de hoje, o que inutilizou boa parte do armamento utilizado por esses programas noticiosos. As únicas imagens que a Globo mostrou foram as de um celular de alguém que entrou no colégio. Através delas, pôde-se ver o assassino morto.
No Facebook, hoje à noite (07/4), relatos de colegas de profissão mostravam o quanto foi emocionalmente devastador o trabalho de hoje. Dias assim aceleram nosso relógio do encelhecimento.

Muito ainda vai se debater sobre o que levou este rapaz a cometer tal atrocidade, bem como soluções para que fatos como esses não voltem a acontecer.
Concordo com o Rodrigo Pimentel (o verdadeiro Capitão Nascimento). Enquanto tivermos esta profusão de armas circulando livremente por aí, qualquer discussão pode virar sinônimo de morte; qualquer rancor pode gerar uma tragédia.
Mas, quando houve o plebiscito sobre o desarmamento, a sociedade brasileira optou por liberá-las.
Esse é o preço.
O ódio é o pior sentimento que pode se apossar do coração do ser humano. Ele envenena, deteriora, cega e transborda. às vezes de maneira trágica, como hoje...
Rezemos, pois, por essas crianças que morreram e pelas que lutam para sobreviverem e, quem sabe um dia, voltarem a uma escola.
No entanto, com toda certeza, a vida delas e de todos que viveram este dia trágico, nunca mais será a mesma.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Grilo Falante

Num mundo em que um dia de 24 horas parece ser pequeno para tantas tarefas e no qual estamos expostos a tantas fontes de informação, parece que deixamos de lado uma das mais belas capacidades que temos: o dom de refletir.
 E isso é uma coisa perigosa, pois nos leva de encontro a escolhas simplórias: "ou isso ou aquilo", "a favor ou contra".
É o canto da sereia, a sedução do temível senso comum. Por que parar para pensar se já pensaram por nós? Nos caberia, dessa forma, apenas optar por uma atitude, tal qual numa prova de múltipla escolha.
Só que a vida é uma prova discursiva sem fim.
Do momento em que optamos por ideias pré-concebidas, mesmo que seja com a melhor das intenções, deixamos de avaliar uma série de pontos que, talvez, mudassem a nossa opinião.
Já parou para pensar que um monitor como esse que está na sua frente, através de três cores básicas é capaz de reproduzir cerca de 16 milhões de cores?
Pois assim é com a informação que nos chega. Ao a analisarmos, ela ganha uma gama de cores muito maior do que as cores originais.
Decidi escrever tudo isso depois de ler a coluna do jornalista Ricardo Noblat, desta segunda-feira (04/4), no jornal O Globo. O texto analisa a reação das pessoas em relação às recentes declarações preconceituosas do deputado federal Jair Bolsonaro, transmitidas pelo programa CQC, da TV Bandeirantes.


O que se seguiu depois dessa transmissão foi uma enorme grita, pedindo, inclusive a cassação do parlamentar. Mas, ora pinóia, quem conhece o Deputado, e no Rio ele é uma figura extremamente conhecida, sabe muito bem o que ele pensa. É um representante da extrema direita e, como tal, defende as ideias deste grupo. Aliás, por isso mesmo é eleito pleito após pleito.
Acho ele um sujeito asqueroso, que se aproveita dessa imagem para garantir seu cargo e gerar um clã político, como tantos outros deputados de direita e de esquerda. Mas se ele está ali, é porque uma parcela da população quer que ele esteja. Isso, se não me engano, se chama DEMOCRACIA.
Não existe um pensamento hegemônico, graças a Deus. E por mais que discordemos de alguém, essa pessoa tem o direito de se exprimir. Se alguém concorda com ele ou decide seguí-lo, isso é um problema dessa pessoa.
Acho ótimo que o processem por essas baboseiras que ele disse, mas daí à cassação vai uma grande diferença.

E o artigo do Noblat, ao meu ver, é muito feliz ao analisar toda essa situação.
Leia e reflita.



Viram como é bom pararmos para refletir?
É como se um grilo falante falasse ao nosso ouvido: "Fuja do politicamente correto, fuja das ideias estereotipadas, fuja do senso comum. Pense."




domingo, 3 de abril de 2011

Velocidade e sonolência

Todo ano é a mesma lenga-lenga...
"A Fórmula 1 vai estar mais competitiva do que nunca!", disem as chamadas da TV Globo e, mesmo assim, a cada ano, as corridas ficam mais chatas.
Sonolentas, mesmo...
E, em princípo, sonolência e velocidade não deveriam combinar.
Nem me atrevi a ficar acordado de madrugada para assistir ao primeiro GP da temporada. Ainda bem, pois Vettel passeou da largada à chegada e as tão proclamadas alterações, como o Sistema de Redução de Arrasto (Drag Reduction System), uma asa traseira ajustável, criada para dar emoção às carreiras, não surtiram efeito.
 

É muito chato, principalmente para quem, durante anos, curtiu assistir a Fórmula 1 e seus grandes pilotos.
Acabei de comprar o DVD do longa-metragem sobre o Senna.



Tempos bons aqueles, como foram os do Piquet e os do Emerson.
Hoje em dia não dá mais nem pra torcer para os brasileiros, embora isso não fosse um empecilho para assistir às provas, se houvesse boas disputas.
Uma diferença brutal para as provas de Moto GP. Hoje assisti ao GP da Espanha e em 4 voltas já tinha rolado mais emoção do que em toda temporada da F1 do ano passado. Uma série de ultrapassagens ousadas e belos pegas. Com destaque para o "doutor" Valentino Rossi que em 3 voltas pulou da 12ª posição para a disputa do 3º lugar e que acabou dando uma "rasteira" no motociclitas da frente ao tentar uma ultrapassagem "espírita". E tudo isso debaixo de chuva.



Aí está a graça!
Pra terminar e não ficar apenas no lamento, imagens dos tempos em que a Fórmula 1 era realmente coisa pra "macho". Fotos do GP da Inglaterra de 1948, antes mesmo de existir um campeonato mundial da categoria (o que aconteceriaa partir de 1950). O material foi repassado a mim por Alberto Dines, mas, calma, as fotos não são dele... Rs
Enjoy it.

Tudo pronto para a largada.

As "baratinhas" em ação.

Seja o que Deus quiser...

O grande Juan Manuel Fangio

O intrépido e perigoso trabalho da imprensa.

E a altíssima tecnologia do placar.