domingo, 25 de março de 2012

Preconceito racial ou social?

Noutro dia, passeando pelo Facebook, vi um post instigante, que falava mais ou menos assim: Chamam os torcedores do Flamengo de mulmbada, de pretos e favelados, e depois dizem que não são preconceituosos...Esta questão do preconceito racial sempre mexeu muito comigo. Sou radicalmente contra, mas também sei o quanto ele pode estar enraizado na gente, por mais que o detestemos.
Não sou estudioso do tema (e há muitos deles), mas acho que a explicação é histórica mesmo. O longo período de escravidão em nosso país fez com que esse preconceito fosse passando de geração para geração.

Menos mal que a situação já tenha sido bem pior e institucionalizada. Mas é claro que o preconceito ainda existe, velado ou de forma explícita.
Quanto ao post do Face, acho que pode até valer para algumas pessoas, mas essas pechas entre torcidas vai bem além da realidade. Fosse assim, todos os vascaínos seriam portugueses, todos os tricolores, gays, e todos os botafoguenses, chorões.

Acho que por aqui, o preconceito social é, atualmente, mais forte do que o racial e, aí, a música Haiti, de Caetano, não tem como não me vir à cabeça:

"Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados"

O problema é que pela questão histórica acima citada, o negro é associado associado à pobreza, à favela e, consequentemente, à criminalidade. E isso, infelizmente não ocorre apenas aqui. Nos Estados Unidos, mais precisamente no estado da Flórida, um menino negro, de 17 anos, foi assassinado por um segurança voluntário de uma cidade por estar em atitude "suspeita". E que atitude era esta? Andar com um casaco de capuz.


E o pior, o homem que o matou não foi preso, pois na Flórida há uma lei que diz que você pode atirar em alguém se se sentir ameaçado. O menino, no entanto, não estava armado e a pressão popular por uma punição aumenta.
O time de basquete do Miami Heat, há poucos dias, fez um protesto. Todos posaram para uma foto vestindo um casaco igual ao do rapaz. LeBron colocou na sua conta pessoal no Twitter a imagem com a hashtag #WeAreTrayvonMartin (#SomosTrayvonMartin).

Jogadores do Heat protestaram contra a morte de jovem
Infelizmente esse tipo de protesto é simbólico, já que tantos e tantos "Trayvons" são assassinados nos EUA, no Brasil e em tantos outros países, e muitas vezes apenas por serem negros (ou quase pretos, ou quase pretos de tão pobres).
O combate ao preconceito, para quem realmente quer combatê-lo, é um exercício de vigilância sobre os nossos próprios atos. Não se trata, apenas, de parecer politicamente correto e, sim, de assumir uma postura de correção, e sempre nos pergunatrmos: gostaríamos de ser tratados assim?

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