quarta-feira, 1 de julho de 2015

VENCEMOS! E AGORA????

A Câmara de Deputados rejeitou a PEC 171 que, entre outros pontos, determinava  a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em casos de crimes graves. Não foram obtidos os 308 votos necessários para ratificar a decisão tomada por uma comissão de deputados.
Os grupos contra a redução, incluídos os milhares de jovens que foram a Brasília fazer pressão, comemoraram.
Eu comemorei.





Mas a questão continua em aberto.
Não é porque não se reduziu a maioridade penal que a briga acabou. Muito pelo contrário, ela está apenas começando, isso é, se quisermos realmente avançar nesse tema.
O lema "mais escolas, menos prisões" tem que ser muito mais do que uma pichação em um muro.
A sociedade não pode ver esta questão como uma queda de braço. 


Quem defende a redução quer mais segurança, como todos nós. E já que a legislação não será mudada, algo tem que ser feito, não é?
Acredito que todos os setores da sociedade deveriam se unir em busca de soluções. Aproveitar essa mobilização para que o tema não caia no esquecimento, pelo menos até que uma nova vítima venha levantar a poeira que paira sob e sobre este grande tapete chamado Brasil.

Abaixo, um trecho de uma postagem do deputado Jean Wyllys sobre essa questão:

"...Hoje devemos celebrar, mas amanhã temos que continuar trabalhando... A insegurança pública não vai ser reduzida magicamente, da noite para o dia, com leis penais e mais polícia. Esse tipo de "solução" é uma mentira. Não funciona em nenhum lugar do mundo. E é uma maneira desumana e egoísta de encarar o problema. A violência e a insegurança não vão ser reduzidas senão como consequência da redução da desigualdade, da ampliação da cidadania e da garantia de direitos e oportunidades de viver uma vida digna... Redução não é solução, mas há soluções. Há soluções que demandarão tempo, dinheiro e políticas de curto, médio e longo prazo. E se não quisermos que a demagogia punitiva e o pesadelo orwelliano se imponham no futuro, precisamos encarar o problema de fundo com soluções de fundo. Não apenas para vivermos mais segur@s, mas principalmente para vivermos numa sociedade mais justa."

O problema não é só de uma fatia da população que se sente ameaçada. É de toda a sociedade brasileira. Ou alguém acha que o envolvimento com o crime se dá por gosto? 
Ok, podem existir exceções, mas o fato é que a nossa realidade empurra centenas de jovens para esse caminho. 
E não me venham dizer que estou sendo paternalista... 
Estou sendo realista.
É fácil criticar refastelado numa confortável poltrona ou "decidir" os rumos da nação numa rodada de chopp com os amigos. Mas as soluções vão muito além disso, como lembram as palavras do escritor e humorista Gregório Duvivier:

"...Não adianta intervenção militar, não adianta blindar todos os carros, não adianta reduzir a maioridade penal (SPOILER: isso nunca adiantou em lugar nenhum do mundo). Sabe por que os milionários americanos doam tanto dinheiro? Não é por empatia pelos mais pobres. Tampouco tem a ver só com isenção fiscal. Doam porque sabem que, quanto mais gente rica no mundo, mais gente consumindo e menos gente esfaqueando por bens de consumo. Um pobre menos pobre rende mais dinheiro para você e mais tranquilidade nos passeios de bicicleta. A gente quer o seu (o nosso) bem. É melhor ser a elite de um país rico do que a de um país pobre."

Resumo da ópera: se não aproveitarmos o momento para realmente buscar soluções, nenhum dos lados(e são muitos)sairá vencedor, mesmo achando que venceu.



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