sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Falar menos e pensar mais

Recebi um e-mail defendendo a administração de FHC e minimizando o governo Lula.
Acho justo qualquer tipo de manifestação democrática e, além disso, a discussão sempre é sadia.
A única coisa que me incomodou no texto foi o fato de chamar o programa Bolsa família de "Bolsa Miséria".
Longe de mim fazer qualquer patrulhamento ideológico, mas quando se simplifica as coisas dessa maneira, a pessoa acaba reproduzindo raciocínios preconceituosos e temos que tomar cuidado com isso.
Qualquer um pode ser contra a política assistencialista do Governo, mas tratar o Bolsa Família como Bolsa Miséria é um erro.
Será que quem escreveu este texto realmente sabe o que é miséria? Não falo da pobreza das favelas dos grandes centros urnaos, mas sim de miséria mesmo...
Será que essa pessoa  realmente acha que alguém decide ter mais filhos só pra receber o benefício?
Será que ela já pensou que em situações de penúria total (e não são poucas no Brasil), onde os políticos locais nada fazem pela população, onde as condições climáticas são desfavoráveis, onde não há terra para trabalhar, esses caraminguás são o pouco que há para que pessoas não morram de fome?

Fui pesquisar sobre o benefício no site do Ministério do Desenvolvimento Social, que diz o seguinte:
"O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. O Programa integra a Fome Zero que tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a conquista da cidadania pela população mais vulnerável à fome.

O Bolsa Família atende mais de 12 milhões de famílias em todo território nacional. A depender da renda familiar por pessoa (limitada a R$ 140), do número e da idade dos filhos, o valor do benefício recebido pela família pode variar entre R$ 22 a R$ 200. Diversos estudos apontam para a contribuição do Programa na redução das desigualdades sociais e da pobreza. O 4° Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio aponta queda da pobreza extrema de 12% em 2003 para 4,8% em 2008."

É claro que quem passava fome e por conta do Bolsa Família passou a ter uma vida menos miserável vai votar a favor do governo. Barriga vota. Mas pergunto eu: se você estivesse nessa situação, faria diferente?

Não digo que esta seja a solução, porém no lugar de críticas pré-definidas, prefiro novas ideias. Ao invés de sentar em um barzinho, de frente pro mar e vociferar sobre o uso eleitoreiro do programa, ou sobre o assistencialismo do Governo, prefiro ideias de como combater a miséria no nosso país, pois ela é real.


2 comentários:

  1. Casé, grande casé!

    Já te admirava pelas ideias futebolísticas, mas agora te admiro muito mais! Pensamos exatamente igual sobre a política atual. Acho fácil sentar num barzinho da zona sul e criticar a política assistencialista. Mas, o que fazer? Alguns pensam assim..é triste a realidade de pobreza no país SIM. Mas, mais triste que isso, é a pobreza de espírito que assola a grande classe média do nosso país.

    Bjs,

    Maria Clara Cardona

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