segunda-feira, 4 de abril de 2011

Grilo Falante

Num mundo em que um dia de 24 horas parece ser pequeno para tantas tarefas e no qual estamos expostos a tantas fontes de informação, parece que deixamos de lado uma das mais belas capacidades que temos: o dom de refletir.
 E isso é uma coisa perigosa, pois nos leva de encontro a escolhas simplórias: "ou isso ou aquilo", "a favor ou contra".
É o canto da sereia, a sedução do temível senso comum. Por que parar para pensar se já pensaram por nós? Nos caberia, dessa forma, apenas optar por uma atitude, tal qual numa prova de múltipla escolha.
Só que a vida é uma prova discursiva sem fim.
Do momento em que optamos por ideias pré-concebidas, mesmo que seja com a melhor das intenções, deixamos de avaliar uma série de pontos que, talvez, mudassem a nossa opinião.
Já parou para pensar que um monitor como esse que está na sua frente, através de três cores básicas é capaz de reproduzir cerca de 16 milhões de cores?
Pois assim é com a informação que nos chega. Ao a analisarmos, ela ganha uma gama de cores muito maior do que as cores originais.
Decidi escrever tudo isso depois de ler a coluna do jornalista Ricardo Noblat, desta segunda-feira (04/4), no jornal O Globo. O texto analisa a reação das pessoas em relação às recentes declarações preconceituosas do deputado federal Jair Bolsonaro, transmitidas pelo programa CQC, da TV Bandeirantes.


O que se seguiu depois dessa transmissão foi uma enorme grita, pedindo, inclusive a cassação do parlamentar. Mas, ora pinóia, quem conhece o Deputado, e no Rio ele é uma figura extremamente conhecida, sabe muito bem o que ele pensa. É um representante da extrema direita e, como tal, defende as ideias deste grupo. Aliás, por isso mesmo é eleito pleito após pleito.
Acho ele um sujeito asqueroso, que se aproveita dessa imagem para garantir seu cargo e gerar um clã político, como tantos outros deputados de direita e de esquerda. Mas se ele está ali, é porque uma parcela da população quer que ele esteja. Isso, se não me engano, se chama DEMOCRACIA.
Não existe um pensamento hegemônico, graças a Deus. E por mais que discordemos de alguém, essa pessoa tem o direito de se exprimir. Se alguém concorda com ele ou decide seguí-lo, isso é um problema dessa pessoa.
Acho ótimo que o processem por essas baboseiras que ele disse, mas daí à cassação vai uma grande diferença.

E o artigo do Noblat, ao meu ver, é muito feliz ao analisar toda essa situação.
Leia e reflita.



Viram como é bom pararmos para refletir?
É como se um grilo falante falasse ao nosso ouvido: "Fuja do politicamente correto, fuja das ideias estereotipadas, fuja do senso comum. Pense."




4 comentários:

  1. Assim que assiste ao depoimenteo dele a primeira coisa que senti foi indignação. Ainda sinto. Mas concordo que a liberdade de expressão e opinião é para todos. Ele deu a sua. Eu dei a minha. Achei um absurdo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Casé, como tudo no mundo é complexo...
    Realmente, liberdade de expressão existe( e deve mesmo) para mostrar que conseguimos conquistar a democracia após anos de opressão. Mas, ao mesmo tempo, ela também permite que muitas bobagens sejam ditas, muitas ofensas sejam proferidas... É um dilema, não? Ainda prefiro que ela exista, mesmo que tenhamos que ouvir absurdos por aí.
    Quanto ao seu post, como sempre adorei!
    Tirando a postagem do Noblat. Não gosto dele, nunca gostei.
    Bjs, Maria Clara Cardona

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  4. Casé,

    Concordo em gênero, grau e número com a opinião do Noblat e da sua. Democracia é isso, quem não quiser que luta por sua ditadura. Seja ela do "bem" ou do "mal" ...

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