domingo, 8 de abril de 2012

Entre blocos e rampas

Na última quarta-feira, dia 4 de abril, perambulava eu pela Uerj enquanto aguardava a hora de minha defesa da dissertação de mestrado. Ao parar na rampa do bloco A, de onde se vislumbra o Maracanã (ou o que restou dele), vi a escadaria que subi ao chegar para o meu primeiro dia de aulas, 31 anos atrás.


Com quase 18 anos, chegava à Universidade não muito convencido do curso que iria fazer. Minha intenção era cursar Publicidade, mas não passara na UFRJ, minha primeira opção nu vestibular unificado do Cesgranrio e na Uerj só havia a habilitação de Relações Públicas (carreira que mal conhecia). Mas, ali estava eu, após saltar do 434, vindo de Copacabana, entrando, sem saber, na casa que marcaria meu futuro profissional.
A intenção inicial de começar o curso na Uerj e depois tentar uma transferência de dissipou devido a dois fatores: descobri o quanto a profissão de RP pode ser interessante, se levada a sério por uma empresa, e tive o privilégio de fazer parte de uma turma muito especial; companheiros queridos que me ajudaram a crescer e que permanecem em minha vida até hoje.
Aprendi muito e muito mais do que nos era apresentado nas salas de aula. Aprendi com cada um daqueles com quem convivia. As ideias fervilhavam. Juntos nos envolvemos em diversos projetos, como a criação do CACOS, centro acadêmico do qual acabei sendo o primeiro presidente.
Quantas histórias o hall do décimo andar tem para contar sobre nós naqueles quatro anos que passamos juntos.

Nos formamos e cada um foi para o seu lado. Meu vínculo com a Uerj, porém ainda estava longe de terminar. Três anos após estava de volta ao décimo andar, agora para integrar a primeira turma de jornalismo. Um tipo de vitória pessoal, já que tinha me empenhado muito pela criação de uma nova habilitação e pela emancipação do instituto que dividíamos com a Psicologia.
A experiência foi bem diferente da primeira passagem por aquelas salas. Voltava eu à Uerj, então, com 24 anos de idade e como muita disposição de aprender Jornalismo. A turma, contudo, era muito heterogênea e se dividiu em dois grupos, aqueles mais jovens que estavam em seu primeiro curso e os que entraram para fazer aproveitamento de estudos (muitos deles, como eu, também tinham se formado em RP).
Em 88, após uma burocrática colação de grau na sala do diretor (não havia clima, na turma, para uma formatura conjunta), parti em direção ao mercado de trabalho.
Após uma passagem pelo Jornal dos Sports, fui contratado pela TV Manchete e, de lá, segui para a TV Globo.
Quis o destino que, ao deixar a emissora, em 1995, a Uerj abrisse concurso público para telejornalismo, na vaga aberta pelo falecimento de meu professor, Sílvio Júlio Nassar. Desempregado, decidi tentar. Na época, por sorte, não se exigia mestrado e pude concorrer. Fui bem, passei em primeiro lugar e fiquei com a vaga.
Estava de volta aos corredores do décimo andar.


O salário de professor, como todos podem presumir, não é lá essas maravilhas e, assim que pude, passei a acumular as atividades acadêmicas com o trabalho diário das redações. Desde então foram várias as funções assumidas na TVE, na Manchete, no SBT e, atualmente, na TV Brasil, onde ocupo o cargo de diretor do programa Observatório da Imprensa, comandado pelo jornalista e mestre, Alberto Dines.
Também desenvolvi uma carreira literária, com 5 livros publicados até agora e mais dois previstos para 2012.
Na Uerj já se vão 16 anos de magistério.
Em 2010, finalmente, consegui concatenar horários e comecei a fazer o mestrado e na semana passada, como falei, lá no início, defendi minha dissertação, que teve a orientação de minha colega de Uerj e amiga, Sonia Virgínia Moreira. Aprovado pela banca formada pelos professores João Baptista Ferreira de Mello, da Faculdade de Geografia da Uerj, e Beatriz Becker, da ECO-UFRJ, subo mais um degrau de minha carreira e  de minha relação com este gigante de concreto fincado no bairro do Maracanã.


Que venha o doutorado, aqui mesmo na Uerj, pra não fugir à regra. Mas, daqui a um tempinho, que ninguém é de ferro...

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