quinta-feira, 28 de maio de 2015

PODRÃO FIFA

Tantos já falaram.
Aos quatro ventos, pelos cinco continentes.
Livros foram publicados...
E, de repente, quando surge a notícia da prisão de dirigentes do futebol mundial por corrupção, a mídia trata o tema com um sonoro "OHHHHHH!!!!".
Tal e qual uma freira enclausurada que pela primeira vez vê um beijo gay.



O senador Romário (não, não votei nele) aproveitando a deixa do caso aproveitou para mais uma vez descascar a FIFA e a CBF de quem, aliás, já foi bem próximo quando isso lhe convinha. 
 


E soltou uma frase que, convenhamos, é a mais pura verdade: “A CBF não investe no futebol feminino porque não dá lucro, não dá dinheiro. E onde não dá dinheiro, eles não podem roubar, não pode enriquecer ilicitamente, então, infelizmente eles não apoiam como tem que fazer”
Faz muito, muito tempo que o dinheiro entrou em campo.
A grana é altíssima (patrocínios, direitos de transmissão, publicidade em estádios, contratos de jogadores, direitos de arena, marketing, merchandising) e onde isso acontece, a cobiça germina.
Negociatas com muitos zeros forram contas bancárias, contabilidades propositalmente confusas levam clubes a endividamentos absurdos (não é mesmo, "seu" Assumpção?) e a imprensa finge não ver.
Se reserva ao "direito" de só noticiar o factual.
Corruptos e corruptores, sabedores desse salvo conduto midiático, não se dão nem mais ao trabalho de se esconder.
Mas isso não é de hoje. A mídia esportiva sempre cometeu o pecado de evitar temas que poderiam ferir suscetibilidades clubísticas para não sofrer qualquer espécie de embargo noticioso. Falar mal de jogador e de treinador (ou dirigente) é sempre "perigoso", pois pode gerar retaliações.
Mas o caso é mais grave. Estamos falando de um tema que vai além das quatro linhas.
Não atuar na investigação de tantas pautas sobre a corrupção no futebol alardeadas por aí deixa o leitor/telespectador/ouvinte com a sensação de conivência, por mais que não haja o envolvimento criminal dos meios de Comunicação (pelo menos por enquanto).


Sensações desagradáveis como a que tive após ver a reportagem sobre o fim da Era Ricardo Teixeira, no Jornal Nacional, há pouco mais de três anos. O homem que foi pros Estados Unidos para se afastar da denúncias pesadas de corrupção, ganhou um singelo VT de mais de 3 minutos no qual suas virtudes eram exaltadas. 


O lado negativo?
Este se resumia a um curto parágrafo dizendo que em um mandato tão longo, Teixeira acumulou desafetos.
Grandes eventos esportivos são sinônimo de bom faturamento para empresas de Comunicação e perdê-los por birra de algum dirigente esportivo é um risco que a maioria parece não querer correr.
Não basta à imprensa apenas noticiar, mas também ver se há fogo onde há tanta fumaça. Só cobrir o trabalho dos bombeiros é muito pouco, além de ser bastante suspeito.

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