terça-feira, 30 de agosto de 2016

PARALIMPITACOS II



Para que existem Paralimpíadas?
Aposto que você já pensou nisso...
Por que mobilizar tanta gente para competições entre pessoas com deficiência?
Pois paremos um pouquinho para pensar na resposta, ou melhor, nas respostas para essa pergunta.

A disputa esportiva entre pessoas com algum tipo de mutilação ou deficiência  começou logo depois do fim da Segunda Grande Guerra, na Inglaterra. Os Jogos de Stoke Mandeville começaram no mesmo dia em que os Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. Foi a forma encontrada por um médico alemão para reabilitar e inserir aqueles cidadãos de volta na sociedade, além de mostrar que incapacidades físicas não os faziam seres humanos menores.

O movimento cresceu e, em 1960, em Roma, a Paralimpíada passou a acontecer na mesma cidade em que eram realizados os Jogos Olímpicos. Foram 400 atletas de 23 países. Não havia mais volta. Os Jogos Paralímpicos tinham vindo para ficar.

Ok, fiz uma viagem no tempo, mas não respondi à pergunta aí de cima. Na verdade, apenas criei o solo para ela brotar.

A Paralimpíada é uma competição esportiva de alto nível.
Não acredita? Então desafie Daniel Dias para uma disputa de 50 metros na piscina... Monte na sua bicicleta e bata um pega com o Alex Zanardi, ex-piloto de Fórmula 1, agora campeão paralímpico do ciclismo...




E se você ainda não está convencido e acha que os Jogos Paralímpicos são um prêmio de consolação para  os "coitadinhos dos aleijados", sugiro que assista às duas edições do Caminhos da Reportagem que fizemos este ano sobre nossos atletas.

https://www.youtube.com/watch?v=LMy-Hb2zoqI
https://www.youtube.com/watch?v=DNqQh86SqM4

Ou então ao documentário Paratodos, disponível no Netflix.


Duvido que você não se surpreenda. Duvido que você não mude a sua forma de encarar esses atletas, que muitas vezes são chamados de super-humanos, tal desempenho que conseguem, mesmo com seus problemas. É assim que uma campanha do britânico Channel 4 os trata.

https://www.youtube.com/watch?v=IocLkk3aYlk


Ficou chocado? Achou agressivo?
Talvez então o problema não seja bem deles e sim seu, que não consegue ver normalidade nas diferenças.
Essas pessoas por mais "fora do normal" (e o conceito normal é extremamente difuso e confuso) que possam parecer, são seres humanos como eu ou você que temos cabeça, tronco e membros razoavelmente intactos.

E aí você pode me perguntar: se eles são atletas como outros, porque não há uma única competição? Pois saiba que já tem muita gente defendendo este ponto de vista. Se não disputando a mesma prova, pelo menos um evento único.
Alguns atletas paralímpicos já se aventuram nas competições regulares. O velocista Oscar Pistorius foi um dos pioneiros.  Aqui no Rio, três atletas que competirão na Paralimpíada estarão, na verdade, retornando à cidade.  A arqueira iraniana Zhara Nemati  e as mesa-tenistas Natalia Partyka (Polônia) e Melissa Tapper (Austrália) também disputaram os Jogos Olímpicos deste ano.





Então, chego à primeira resposta.
Os Jogos Paralímpicos servem como uma oportunidade para que esses grandes atletas, atletas de alta performance, compitam entre si.

Mas há um outro motivo.
A Paralimpíada é transmitida para boa parte do mundo, embora numa escala bem menor (no Brasil, a única emissora aberta a transmitir as competições será a TV Brasil). Além disso, atrai centenas de milhares de pessoas às disputas. Pessoas que terão oportunidade de ver de perto, a imensa maioria pela primeira vez, o que esses atletas têm a oferecer. Ver como podem ser empolgantes e emocionantes essas competições. E rever seus conceitos sobre a deficiência e sobre nossas diferenças. Uma criança que descobre isso desde cedo provavelmente será bem menos discriminatória do que nós.
Isso é um avanço grandioso.

Não se deixe derrotar pelo preconceito, por que se depender desses caras, sua cabeça vai mudar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário