A primeira foi a Revista O Globo de domingo, dia 23 de setembro. A capa estampa a tela do pintor francês Gustave Courbet "A origem do mundo" (L’Origine du Monde, 1866) . O problema é que o quadro retrata uma vagina cabeluda, em big close.
O motivo da capa foi o fato de que a transmissão pela internet de uma palestra na Academia Brasileira de Letras, na qual a tele era mostrada, foi retirada do ar, gerando protestos. A ABL alegou que como o site era aberto, a exposição de imagens ligadas ao sexo poderia criar problemas para o site da casa dos Imortais.
Confesso que ao abrir o jornal de domingo tomei um susto. Não é o tipo de imagem que se espera numa capa de revista (nem mesmo em revistas masculinas).
Quando eu era moleque ver coisas assim, só em revistinha sueca ou em catecismos do Carlos Zéfiro.
Em defesa da revista está o fato de que o quadro está exposto no Musée D´Orsay, em Paris e é visto, inclusive, por hordas de crianças que passam diariamente por lá.
A outra capa polêmica é a da revista Placar, que estampa uma fotomontagem do craque santista Neymar crucificado tal e qual Jesus Cristo. Uma referência às constantes críticas recebidas pelo atacante, mesmo ele sendo o jogador brasileiro mais habilidoso surgido nos últimos tempos.
Aqui a grita partiu de setores religiosos que acharam ofensiva a utilização de um símbolo cristão fora de seu contexto original.
A revista divulgou uma nota se defendendo:
"Uma expressão corriqueira que se usa quando alguém está sendo vítima de algo é dizer que ela está sendo 'crucificada'. A primeira palavra que nos veio à mente foi crucificação. A diferença que tem que ser ressaltada é que tomamos essa expressão como método de execução pública dos tempos antigos. A metáfora é com o método. Não há nenhuma intenção de se fazer uma alusão religiosa".
Fugir do padrão dá nisso. Não há como não criar polêmica. Agora só nos resta avaliar se a crítica é justificada ou se há muito barulho por nada.
O julgamento cabe ao distinto público leitor.
Oi, Casé!
ResponderExcluirAcho curioso a Placar dizer que não teve intenção de fazer alusão religiosa: o Neymar da capa aparece em "trajes" bastante semelhantes aos usados por Jesus nas representações católicas da crucificação, e com a ferida no lado, que não era absolutamente uma prática corriqueira nas punições do passado, mas algo específico da morte de Jesus.
Isso me cheira mais a editor querendo fugir de críticas do que a sinceridade...
Beijos!
Claro, Catarina.
ExcluirA alusão não deixa dúvidas e, já que fez, é melhor assumir. Tapar o sol com a peneira é feio.
Bjim
Caro Casé...
ResponderExcluirA capa da Placar não é das piores, mas é pobre de criatividade. É apenas um lugar-comum que ainda se usa para classificar alguém que esteja sendo perseguido. Fraca, mas nem acho polêmica. A outra, da perseguida, mesmo sendo a reprodução de uma obra de arte, achei desnecessária. O título é apelativo e de mau gosto. Prefiro a sutileza com criatividade.