Confesso!
Sou um professor
incompetente!
Vinte anos após ter
começado a lecionar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro
chego a esta conclusão.
Não consegui fazer o
que toda nossa categoria conseguiu, de acordo com ícones da
pós-modernidade democrática brasileira como Alexandre Frota,
Janaína Paschoal e o representativo movimento “escola sem
partido”: doutrinar alunos para o comunismo e contra a família, a
tradição e a propriedade.
Por mais que expusesse
minhas ideias em sala de aula, não consegui fazer uma lavagem
cerebral em meus alunos. Não, eu não consegui doutriná-los, sr.
Frota!
Nenhum deles... Nenhum
sequer, em duas décadas de magistério, entrou em sala de aula
cantarolando a Internacional. Nenhum recitou O Capital ou queimou um
crucifixo em sala de aula.
Não consegui
transformá-los em seres teleguiados a serviço da esquerda ou de
ideias revolucionárias.
Também não fui capaz
de perseguir ou reprovar alunos que não concordavam com meus
argumentos.
E o que é pior...
Tem sempre um pior, não
é.
Acabo de vasculhar as
listas dos mais procurados do FBI, da Interpol, da Polícia Federal e
da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e não
encontrei o nome de nenhum aluno que passou por mim.
Não, preclara
causídica Janaína Paschoal, não fui capaz de formar aqueles
guerrilheiros que saem todos os semestres das universidades
brasileiras. Aqueles que você, quase em lágrimas (ou quase em
êxtase) denunciou em frenesi, em meio às argumentações
pró-Impeachment.
Sou muito incompetente!
Matematicamente, pelo
número de alunos que já assistiram às minhas aulas, deveria haver,
no mínimo uns dois ou três elementos de altíssima periculosidade
social; quiçá um terrorista internacional.
Mas não consegui.
E, agora, não mais
conseguirei tal feito.
Novas leis vêm aí. Já
estão sendo aprovadas em alguns estados.
Professores não
poderão mais emitir opiniões dentro de sala de aula. Terão que se
ater a colocar a matéria no quadro negro (ou branco, atualmente).
Perguntas feitas por
alunos não poderão ser respondidas de imediato. Antes, será
preciso consultar o departamento jurídico da universidade para
descobrir se a reposta irá, ou não, ferir a lei; se o professor
poderá, ou não, ser punido.
Escola é lugar para
aprender e não para pensar, defendem os paladinos da nova educação.
Pensar deve ser, mesmo,
muito perigoso...
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