quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meu primeiro grito de gol

Confesso que não me lembro, mas sei em que jogo foi.


Em 21 de agosto de 1967, com pouco mais de quatro anos de idade, fui com meu pai ao Maracanã pela primeira vez, na decisão da Taça Guanabara. O adversário era a boa equipe do América, comandada por Edu Coimbra, irmão de Zico. Nesse jogo os três gols alvinegros (3 x 2) foram marcados por um jovem jogador que naquele dia mostraria todo seu talento e potencial: Paulo Cezar (o Caju).
Paulo Cezar integrava meu primeiro time de botão. Aliás, não só ele, mas o time de 67 e 68.

Eram aqueles botões de plástico, com a foto do jogador dentro.

Nesta última terça-feira, tive a alegria de estar com ele, no estúdio do Observatório da Imprensa, e de ver como está bem.
Paulo Cezar Caju passou por um período de ostracismo que pode ser fatal para um ídolo. Essa fase chegou a ser retrarada pelo cineasta (e também alvinegro) João Moreira Salles, em sua série de documentários intitulada "Futebol".
Mas PC soube dar a volta por cima. Fraco, nunca foi. Sempre teve peito para enfrentar a sociedade conservadora e mostrar que um negro bonito e com dinheiro podia frequentar as mesmas boites, as mesma festas que o pessoal do Society. Boa pinta, carros esporte e mulheres sempre lindas a tiracolo. Os preconceituosos ficavam loucos.
O atacante foi tricampeão mundial em 70 e ainda disputou a Copa de 74. Atuou com a camisa dos 4 grandes do Rio (inclusive na Máquina Tricolor), mas também brilhou na cidade de Marselha, na França, onde é querido até hoje.
Ganhou uma coluna no Jornal da Tarde, de São Paulo, e vem revelando um ótimo texto, ainda mais quando parte para o ataque, como em seus bons tempos nos gramados. Confiram um trechinho abaixo.


Cansei de alguns por aí

"Durante a minha carreira tive brigas com a imprensa por nunca deixar de expor meus pontos de vista. O que me deixa chateado hoje é essa babação de ovo de jogadores e analistas sem personalidade. Está difícil acompanhar programas esportivos. Que bom que inventaram o controle remoto. Tem um locutor no Bem Amigos e outro no Arena que falam o tempo todo. Eles têm respostas pra tudo. Deveriam largar o jornalismo e serem treinadores de futebol."


No Observatório da Imprensa fez colocações precisas e abrilhantou o programa.
Findo o trabalho, levei até ele meu exemplar de "100 anos gloriosos", o almanaque do centenário do Botafogo, que escrevi com o amigo Roberto Falcão. Pedi que ele autografasse na página que registra a vitória sobre o América, em 67, meu primeiro jogo. Abriu um sorriso, concordando com a escolha e usou os espaços em branco para o autógrafo, sem macular a história de um dos jogos mais importantes de sua vida.

2 comentários:

  1. "O que me deixa chateado hoje é essa babação de ovo de jogadores e analistas sem personalidade. Está difícil acompanhar programas esportivos. Que bom que inventaram o controle remoto. Tem um locutor no Bem Amigos e outro no Arena que falam o tempo todo. Eles têm respostas pra tudo. Deveriam largar o jornalismo e serem treinadores de futebol."

    Concordo inteiramente com o Caju nestas palavras. É simplesmente insuportável ouvir esses caras ...

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  2. São os doutores da bola, mas que não eram titulares nem nas peladinhas no playground...rs

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