sexta-feira, 27 de maio de 2016

SILÊNCIO, JAMAIS!

Poderia começar esta postagem com aquele clássico chavão: “Há males que vêm para o bem”. Mas falar isso em relação a um estupro é impensável, por mais que ele tenha mobilizado tanta gente em torno da discussão sobre o tema em nosso país.

Que vivemos em uma sociedade machista é óbvio.
Que a polícia e a justiça fazem vista grossa em diversos casos de violência contra as mulheres, também.
Então como lutar contra a Cultura do Estupro?



Acho que a saída, como 90% por cento dos graves problemas de nosso país passa pelas escolas, pela educação, pela informação e pelo debate.
Remover o tapete para onde questões como essa eram (e são) varridas tem que ser a primeira medida.
A boa notícia é que, tendo a informação como munição, vêm surgindo cada vez mais grupos de debates em escolas e universidades, os chamados coletivos femininos, ou feministas, como queiram.
Livres das amarras do enorme preconceito, debatem as questões que lhes afetam direta e indiretamente.


Como já disse Tom Jobim, certa vez: “O Brasil não é para principiantes”. Apesar de possuir uma sociedade conservadora, tacanha e presa a velhos conceitos sociais, ao mesmo tempo, se mostra extremamente permissivo com alguns temas. É como se tivéssemos um pé no século XIX e outro no XXI. Se falarmos em termos de questões comportamentais, então, isso fica ainda mais claro. Condena um beijo gay numa novela, mas aceita as cenas mais tórridas de sexo na telinha.

Portanto quanto mais cedo as meninas tiverem contato com temas que as afetam diretamente como assédio físico e moral, misoginia, machismo, abuso sexual, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, aborto e responsabilidade sobre o próprio corpo, melhor.



Com certeza há quem não ache isso, até mesmo pais e mães de meninas, o que me parece inconcebível. Acham que podem criar uma bolha protetora ou coisa assim. Mas o mundo é duro e real e bolhas não resistem a ele.

Tenho uma filha de quase 19 anos. Ela faz parte, como ex-aluna, do Libertinas, coletivo do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho
Tenho alunas na Uerj que se uniram para criar um coletivo feminino na Faculdade de Comunicação Social.
Fico feliz que seja assim.

Elas nada têm a perder com essa união. Com a internet como aliada, trocam ideias e trazem à luz questões que tanto lhes são necessárias e que a sociedade hipócrita tenta esconder nas sombras.
A coisa, porém não é simples.

Haverá sempre aqueles que demonizem essa união, aqueles que critiquem, desmerecendo o movimento. Pessoas que vão estar retroalimentando velhos chavões sobre o “real papel da mulher na sociedade”. E o que é pior é que, entre elas, você encontrará mulheres batendo nesta tecla.



Que as meninas, as jovens, as mulheres continuem se unindo em prol de seus direitos, que continuem trazendo temas de seus interesses para o centro da discussão.
O silêncio jamais ajudou a mudar qualquer coisa.


Links interessantes:
Mapeamentos de coletivos de mulheres criado pela Universidade Livre Feminista: 




2 comentários:

  1. Tenho duas netas. Uma com 18 outra com 16 anos de idade. A primeira estudou no Colégio Cruzeiro, no Centro, criado pela colônia alemã no Rio. Hoje está na faculdade de Direito da UFRJ (CACO). A mais nova estuda no Liessen, criada por judeus e que mantém vivas as tradições judaicas. As duas têm consciência e postura tão definitiva em relação às questões de gênero que me impressionam. As duas têm textos magníficos sobre os direitos da mulher. Isso me deixa muito orgulhosa e com a certeza que estamos oferecendo uma boa educação às nossas crias.

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