terça-feira, 13 de julho de 2010

Ao maestro, com carinho

No domingo do feriadão de Corpus Christi estava eu no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, pronto para embarcar para o Rio, depois de uns dias em Ouro Preto, quando me deparo com o maestro Paulo Moura. Estava acompanhado da esposa e de seu sax. Cheguei a comentar com minha filha e pensei mesmo em cumprimentá-lo, como admirador de seu trabalho.


Não o fiz e, hoje, quando li no jornal que ele tinha morrido, vítima de um câncer linfático, que o vinha fazendo sofrer há algum tempo, fiquei triste. Não só por sua morte, mas pelo fato de não ter me dirigido a ele naquela ocasião. Na hora pensei que se tratava de uma tietagem boba, mas hoje vejo que seria uma boa oportunidade para mostrar a ele, mais uma vez, que seu talento era importante e que dava prazer às pessoas. Que melhor elogio para um artista do que este?

Há muito tempo os discos de Paulo Moura passaram a ter lugar cativo em minha discoteca. Desde os tempos em que ele balançava o Circo Voador, nas Domingueiras, ao lado da Orquestra Tabajara.

Paulo vivia experimentando. Seus parceiros e ritmos eram os mais variados. Seus discos com a pianista Clara Sverner foram os primeiro que tive.


Depois, graças à gravadora Kuarup, tive o prazer de ter o Consertão, que unia o maestro a Arthur Moreira Lima, à fera do violão, Heraldo do Monte, e ao cantor Elomar.


Depois, outro disco mágico, em que o talento transbordava. Encontro reunia Paulo, Clara Sverner, outro maestro, Turíbio Santos e uma de minhas musas vocais: Olívia Byington.


Aliás a arte do encontro fez com que surgisse um dos mais belos CDs que já tive: Dois Irmãos. A união da genialidade do sopro de Paulo Moura com as cordas de Raphael Rabello.

Meu xará foi embor, mas logo outros companheiros se chegaram, trazendo outras cordas, como Armandinho e Yamandu Costa.

Hoje os dois irmãos estão juntos de novo. Que os querubins pendurem suas harpas, Deus tem coisa bem melhor pra ouvir.

4 comentários:

  1. Casé,

    Paulo Moura foi uma perda inestimável. O que nos conforta quando perdemos esses gênios, é que a obra deles é imortal. Basta comprar um disco, ouví-los, sentir a arte e pronto. Ficam ali, do nosso lado pra sempre ...

    Um abraço e parabéns pelo blog. Foi grata surpresa. Pretendo sempre dar uma passada por aqui !
    Humberto Cottas.

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  2. Maravilha, Rafael...o teu blog e as "notas" do Paulo Moura que li, "escutei" atento e "vi" a tua impressão digital, típica dos apaixonados! Divido com voce a tietagem! Até um outro post!
    Carlos Hiran

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