Búzios, tarô, I Ching, quiromancia,
bola de cristal...
Se acreditasse em algo assim já teria
me dirigido a algum guru de plantão que pudesse acalmar meu
espírito, que pudesse me dizer o que o amanhã nos preserva. E acho
que mesmo que ele confirmasse os maus presságios que pressinto seria
melhor do que conviver com as dúvidas, ou pior, as quase certezas,
sobre o que o futuro nos reserva.
Fico lembrando de um passando recente e
que agora nos parece tão distante. Lembrando da ilusão de que mesmo
através de caminhos tortuosos estávamos indo na direção certa.
Pelo menos essa era a nossa esperança. Esperança de que finalmente
tínhamos acertado o rumo, de que a bússola nos indicava mares mais
tranquilo. Tínhamos a impressão de que não haveria mais retorno.
Porém, ai porém...
A calmaria não passou de uma falsa
ilusão. Hoje nota-se que se tratava de uma vitória de Pirro; uma
conquistaa obtida a alto preço, mas que gerou prejuízos
irreparáveis. A base que nos mantinha era lodacenta e em nenhum
momento se buscou solidificá-la. Achou-se que bastava jogar a regra
de um jogo viciado e estabelecido há muito, muito tempo. Paga-se,
hoje, o preço por isso.
Que oportunidade perdemos..
Chorar sobre o leite derramado não
deveríamos, afinal é assim que determina o dito popular, mas não
há como não lamentar. Lamentar os lamentos que estão por vir.
Lamentar as portas que vão se fechar, as pontes que irão ruir.
Meia volta, volver.
Pessimismo? Sim, total. E, a meu ver,
bastante justificado.
Quando o sonho vira pesadelo e o
pesadelo se torna realidade, fica muito difícil visualizar qualquer
aspecto positivo
Não tenho a mínima ideia do que irá
acontecer.
Haverá resistência? Não Sei.
Aceitaremos resignados? Não sei.
Como não sei, também como iremos
revitalizar nossos ideais.
É como se num jogo de tabuleiro
tivéssemos tirado uma carta que nos obrigasse a voltar ao início.
Uma longa trajetória que, espero, novas gerações possam ajudar-nos
a percorrer.
O caminho não será fácil.
Se estou disposto a recomeçar?
Sempre
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