sexta-feira, 1 de abril de 2016

O "VELHO" CHICO

Tem certas coisas na vida profissional da gente que ficam guardadas, tipo "melhores momentos" de um jogo de futebol. E ontem vivi um deles. Durante toda a tarde a TV Brasil, emissora na qual trabalho, cobriu as manifestação pela democracia e contra o Impeachment (52 anos depois do maldito golpe que colocou o país numa ditadura suja e criminosa que durou 25 anos), assim como já tinha feito nas manifestações do dia 18/3, a favor de Dilma, e do dia 13/3, contra a corrupção e favorável ao Impeachment.
Estava coordenando as entradas de estúdio do Rio, ancoradas pela apresentadora Luciana Barreto, e do link no Largo da Carioca, onde estavam o repórter Pedro Henrique e a repórter cinematográfica Edina Girardi.
Lá pelas tantas vejo uma movimentação estranha, uma excitação geral na multidão e ouço alguém berrar: "É o Chico!".
Através da comunicação com a equipe, pedi para Edina fechar a câmera no palco e conferir se era ele mesmo. Graças a N.S. da reportagem o pessoal da externa conseguiu me ouvir apesar de toda a barulheira. Edina aproximou o zoom, já que estava muito distante do palco, e conseguiu um enquadramento muito legal do cantor.
Na mesma hora em que confirmei que era o Chico gritei pela comunicação com Brasília, que estava no ar naquele momento: Aló Brasília! Urgente! O Chico Buarque está no palco, pluguem agora senão corremos o risco de perder a imagem!"
Tudo deu certo. Como se tivéssemos combinado com ele, Chico ainda demorou um pouco a falar e permitiu que nossa cinegrafista, que estava com a câmera no ombro, conseguisse uma posição para ficar firme em cima do "praticável" (uma pequena plataforma) em que estava, no meio da multidão.
Fez-se silêncio (dentro do possível) e pudemos colocar no ar, ao vivo, a fala de Chico Buarque de Holanda.
"Eu vim aqui dar um abraço nas pessoas das mais variadas tribos, das mais variadas convicções políticas. Gente que votou no PT, gente que não gosta do PT, gente que foi do PT, que se desiludiu com o partido, gente que votou na Dilma, mas sobretudo, gente que não pode por em dúvida a integridade da presidente Dilma Rousseff. Eu vejo gente aqui na praça, da minha geração, que viveu o 31 de março de 1964. Mas vejo sobretudo a imensa juventude que não era então nem nascida, mas que conhece a história do Brasil. Eu quero aqui agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo não, não vai ter golpe."

https://www.facebook.com/reporterbrasilnarede/?fref=ts



O dia estava ganho, pra mim e para toda a equipe envolvida. Aquele tinha sido o fato mais importante de um longo dia de manifestações e o tínhamos colocado no ar, ao vivo.
Satisfações que esta complicada profissão te dá e que a gente guarda pra sempre.

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