Mais importante que fazer, é falar.
Essa máxima useira e vezeira da classe política anda mais
forte do que nunca. Vivemos um tempo de muito palavrório e poucas ações
concretas.
Parece que vivemos em meio a um rodízio sem fim de declarações
estúpidas. Um caso grave de incontinência verbal.
A TERRA É PLANA.
O CRACK FOI INTRODUZIDO NO PAÍS PELOS COMUNISTAS.
BRASILEIROS NÃO PASSAM FOME PORQUE TEM MANGAS NAS CIDADES.
A UNIVERSIDADE NÃO É PARA TODOS.
LIQUIDIFICADOR É TÃO PERIGOSO QUANTO UMA ARMA EM CASA.
AS UNIVERSIDADES SÃO UM ANTRO ONDE SÓ HÁ SURUBAS E CONSUMO
DE DROGAS.
AS ENCHENTES DO RIO DE JANEIRO SÃO CULPA DO AQUECIMENTO GLOBAL.
Não importa o quão sem nexo sejam as declarações, o
importante é manter a pose e fingir que acredita piamente no que se está
dizendo. Afinal, haverá sempre uma parcela da população pronta a crer no que é
dito, sem qualquer questionamento e sem qualquer pudor.
Como diria Joseph Goebels, ministro da Propaganda do Nazismo
(e um homem de esquerda, segundo o Presidente), “uma mentira repetida mil vezes
torna-se verdade”. E é nisso que se fiam aqueles que falam mais do que fazem.
Além disso, o que é uma frase absurda se, amanhã, haverá
outra que fará a anterior sucumbir no esquecimento coletivo? A enxurrada de
informações que nos chega todos os dias é a avalista desses parlapatões.
E se alguém se dispõe a cobrar algo ou é intimidado, como o
jornalista Carlos de Lannoy, que recebeu ameaças de morte através de mensagens
na internet, por ter feito a reportagem sobre o fuzilamento de uma família por
militares do exército num subúrbio do Rio, ou é ignorado por autoridades, como
o prefeito Marcelo Crivella que, questionado sobre falhas da Prefeitura em
ações preventivas contra alagamentos e deslizamentos de encostas, saiu-se com a
seguinte pérola: “O que passou não importa bulhufas, o importante é que estou
aqui agora”.
Por que seria importante, afinal "só" morreram 10 pessoas...
E enquanto muito se fala e nada se faz, o estado brasileiro
segue rumo à falência das instituições políticas. Cresce a descrença popular e
diminui a esperança de que as coisas possam mudar. A saída deveria estar nas urnas, porém o mais incrível é que os autores das frases acima foram
justamente escolhidos por prometerem ser uma antítese da “velha política”. A
promessa era de que não haveria mais o “toma lá, dá cá” na composição dos ministérios
e secretarias. Que essas funções-chave seriam ocupadas por especialistas.
Pessoas capazes de melhorar o Brasil.
Como se vê, tudo não passou apenas de uma falácia a
mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário