terça-feira, 9 de abril de 2019

MUITO ALÉM DO ABAPORU


Você pode não saber muito bem quem foi a pintora Tarsila do Amaral, mas já viu, com toda certeza, alguma reprodução de seu quadro mais famoso: o Abaporu. O nome foi escolhido depois da obra pronta e significa homem que se alimenta de outro homem. 



A antropofagia se explica. Tarsila era um dos expoentes da Semana de 22. Seus integrantes defendiam que a arte brasileira deveria devorar toda a influência clássica europeia e, com temperos nacionais, criar algo novo. 


Esse rompimento que causou tanta estranheza e até repulsa, na época, se mostra claramente na excelente exposição sobre a trajetória de Tarsila que acaba de ser inaugurada no MASP.
As cores se esparramam pelos espaços que mostram cada fase de sua arte. A desconstrução das chamadas belas artes, na década de 1920, gera uma nova e bela arte com a cara do Brasil.
As raízes do país se fincam nas telas de Tarsila. Um país que a elite consumidora de arte preferia não ver e as formas ganham liberdade para atender a inspiração da pintora.


Os textos que acompanham os quadros nos pegam pela mão e explicam todo o caminho percorrido pelos pincéis modernistas dessa paulista de Capivari durante seus 86 anos de vida.
Explicam também como a obra se modifica em busca de uma visão mais social do povo brasileiro. O bucólico dá lugar ao urbano. A realidade rouba o espaço da fantasia.
Quando questionada sobre o novo estilo, respondeu: "Nenhum artista consegue escapar do contexto e das ideias de seu tempo".



E só através de grandes e belas exposições como essa podemos realmente conhecer um artista muito além de seu quadro mais popular.
Se puder, não perca a chance de conhecer Tarsila do Amaral.

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